Praticamente se ignorou o fato de
que os promotores das invasões são movimentos e militantes escancaradamente
políticos
Por Reinaldo Azevedo 06/12/2015,
www.veja.com.br
Chega a ser
escandaloso o que se viu na cobertura das invasões de escolas no Estado de São
Paulo, promovidas pelo PT, pelo MTST, pelo Movimento Passe Livre, por frações
do PCdoB e por esquerdistas menos cotados — com uma participação, sim, diminuta
de estudantes de verdade, usados como massa de manobra de profissionais da
política e da arruaça.
O plano de
reestruturação das escolas é, nos limites dados, bom e necessário. Para começo
de conversa, não há teoria pedagógica no mundo que não recomende que estudantes
sejam separados por faixas etárias. Trata-se até de uma questão de segurança
para os mais jovens, para as crianças.
O fato de a
Secretaria de Educação ter se comunicado mal e ter tentado executar a
reestruturação sem ouvir adequadamente os atores envolvidos não anula o fato de
que os grupelhos de esquerda resolveram criar uma “causa” — com, mais do que o
apoio, a militância mesmo de jornalistas.
Recomendo que leiam
reportagens do Estadão deste domingo a respeito. Há muito eu não via um caso
tão exemplar de militância disfarçada de jornalismo. Um dos títulos é este,
sobre o estabelecimento que fez a primeira invasão: “A escola que fez 93
ficarem abertas”. Pois é… Ocorre que nem o fechamento é verdadeiro. Os prédios
continuarão dedicados à área.
O texto trata em tom
encomiástico a decisão dos alunos de cobrir a imagem de Fernão Dias Paes com um
saco preto porque o bandeirante era “matador de índio”. Um dos alunos teria
sugerido, então, que se adotasse o nome da rua em que fica a escola: Pedroso de
Moraes. Foram ao Google e concluíram que também ele era “matador de índio”.
É tudo de uma
boçalidade espantosa, a começar do fato de que, bem…, índios também eram
matadores de índios… O Estadão fornece um endereço na internet para ler a
rotina das escolas ocupadas, como se fossem ninhais de novos Voltaires…
Não medi, mas, se
fosse fazer a minutagem da GloboNews, por exemplo, desconfio que a invasão,
chamada de “ocupação”, das escolas superou em muito o tempo dedicado ao
impeachment. Aliás, parece que, em boa parte da imprensa, muito especialmente
emissoras de TV, com uma exceção aqui e ali, o que se está a fazer é a lógica
da compensação: “Estão vendo? Também batemos em tucanos!!!”.
Até parece que não
está em curso uma ação criminosa contra a educação, contra a qualidade, contra
a racionalidade, contra a racionalização de custos.
Dizia-me, neste
sábado à noite, uma amiga que acompanha a questão há muito tempo: “Quer saber?
Parece não ter jeito. No geral, os governos não dão bola para educação pública.
Quando alguém tenta implementar uma medida que está correta, ainda que não seja
‘a’ solução, aí as esquerdas impedem qualquer mudança, pautadas ou por
corporativismo ou pelo jogo mais rasteiro para confrontar adversários. E os
pobres que se danem!”.
É claro que ela tem
inteira razão. Uma das ativas defensores da ocupação foi a senhora Maria Isabel
Noronha, presidente da APEOESP, entidade que, sob o comando do PT, sabotou
todas as tentativas honestas de melhorar a educação no Estado.
Notem que praticamente
se ignorou o fato de que os promotores das invasões são movimentos e militantes
escancaradamente políticos, muitos deles na faixa dos 30 anos — com freqüência,
acima. E se omitiram de leitores, internautas e telespectadores essa evidência.
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