Casa Civil mandou emissário ao gabinete do presidente da Câmara com
propostas: 3 votos no Conselho de Ética e demonstração pública de apoio
Por Felipe Frazão e Marcela Mattos, de Brasília,
02/12/2015, www.veja.com.br
Deputado José Mentor (PT-SP), o emissário da Casa
Civil
O anúncio do
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sobre o acolhimento do pedido de
impeachment contra a presidente Dilma Rousseff deixou a bancada petista na Casa
perplexa nesta quarta-feira. Até o último minuto, o governo tentou negociar com
o peemedebista. Emissário do ministro da Casa Civil Jacques Wagner, o deputado
José Mentor (PT-SP) esteve ao longo da tarde no gabinete de Cunha para tentar
reverter à decisão. De acordo com fontes ouvidas pelo site de VEJA, o governo
ofereceu a Cunha os votos dos três petistas no Conselho de Ética e mais: uma
declaração pública em apoio a ele. Aliado de Cunha, o deputado André Moura
(PSC-CE) foi chamado ao Planalto para ouvir a proposta de Wagner.
Cunha, porém,
avaliou que o 'abraço' que deu no PT não tinha lógica. E não confiou que o
partido fosse cumprir o acordo, já que nessa mesma tarde a bancada petista
afirmou que votaria contra Cunha no Conselho de Ética. Aliados do peemedebista
afirmam que o presidente da Câmara se queixou de que o "governo não entrega
o que promete".
Câmara - No Congresso,
deputados do PT reagiram com irritação ao anúncio do presidente de Cunha.
Escalados para fazer a defesa jurídica da presidente Dilma Rousseff, os
deputados Wadih Damous (PT-RJ) e Paulo Pimenta (PT-RS) disseram que o partido
já esperava uma retaliação de Cunha. "Esse é um processo de impeachment
absolutamente viciado. Cunha mentiu numa CPI, tem contas na Suíça e continua
utilizando a presidência da Câmara para desvio de poder", disse Damous.
"Provavelmente vamos ao Supremo". "Não há qualquer crime de
responsabilidade imputado à presidente Dilma com capacidade de se sustentar.
Esse impeachment será barrado no poder judiciário, no plenário da Câmara e na
sociedade brasileira", prosseguiu Damous.
O deputado Rubens
Junior (PCdoB-MA) disse que vai entrar com recurso jurídico para questionar a
ausência de rito processual definido para o andamento de um processo de
afastamento, com base em lacunas na lei 1079, de 1950. O argumento já havia
sido ventilado pelo núcleo jurídico dilmista na Câmara. Mesmo assim, eles não
tinham um recurso pronto e vão aguardar a publicação das justificativas de
Cunha para traçar uma estratégia argumentativa na Justiça. "Hoje não tem
um rito definido sobre como se processa um presidente da República por crime de
responsabilidade, então iremos ao STF com mandado de segurança e outros
instrumentos para garantir que seja definido um rito com direito à ampla
defesa. Só depois iremos analisar o mérito", disse.
"Temos
absoluta convicção de que esta atitude é um ato de revanchismo diante da
decisão do PT de orientar o voto aos integrantes do partido para votarem pela
admissibilidade do processo no Conselho de Ética contra Eduardo Cunha. Esse é o
ponto culminante de um processo de chantagem que o governo e o Brasil vinha
sendo submetido", disse Pimenta. "Encaramos essa atitude como uma
tentativa de golpe. Vamos resistir em todas as instâncias. Ele passou a
utilizar a estrutura da Câmara e a pauta legislativa como ferramentas de
defesa. Pessoas que fizeram muito menos que isso hoje estão presas."
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