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terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Marina, Eduardo e o novo na política.



Por Juremir Machado da Silva, 08/10/2013,
 www.correiodopovo.com.br.

A política é feita de projetos pessoais embalados como se fossem meramente de interesse social. Em alguns casos, a embalagem disfarça completamente os anseios do ego. Em outros, tudo é transparente. A democracia é feita dessa conciliação entre o desejo de reconhecimento e de glória dos candidatos e suas capacidades de encarnar e representar os interesses da sociedade.
Eis o que no jargão jornalístico se chama de nariz-de-cera: uma longa introdução antes de chegar ao ponto: Marina Silva e Eduardo Campos cavalgam projetos pessoais ou sociais?
A ex-senadora, considerada por alguns dos seus críticos como “conservadora, preconceituosa e centralizadora”, conseguiu construir a ideia de que sua Rede seria o absolutamente novo em política. Mas a Rede não conseguiu angariar as assinaturas necessárias para se legalizar – embora até eu tenha contribuído – e restou uma explicação velha: um complô de cartórios governistas. Nunca se deve duvidar do lado conspiratório do poder.
Em todo caso, fica a questão: terá sido isso que aconteceu? Na falta de partido novo, Marina oscilou entre o velho partido comunista repaginado como PPS e o já curtido de sol PSB do governador de Pernambuco Eduardo Campos, neto de Miguel Arraes, estrela atual de uma velha dinastia.
Política é coisa de família. Nos Estados Unidos, contrariando a lei das probabilidades, teve-se Bush pai e Bush filho como presidentes. Aécio Neves quer repetir o avô com mais sorte e posse. Ao entrar no PSB, onde terá de conviver até com velhos caciques do DEM, Marina Silva pode ter revelado que suas ambições pessoais estão acima da sua suposta pureza ou, ao contrário, que seus projetos para a nação são tão importantes que vale engolir um pouco da velha política para fazer algo novo. Um passo atrás para dar dois à frente. Lula jura que fez isso. Falsa questão que atormenta alguns: quem será o candidato socialista à presidência: Eduardo Campos, popularíssimo no seu Estado e ainda desconhecido da maioria do eleitorado brasileiro, ou Marina, a ecologista com 20 milhões de votos na última eleição? Campos é o dono casa. Caiu-lhe no colo a vice dos sonhos de todos. Ou não?
Marina e Eduardo junto querem acabar com a polarização entre tucanos e petistas e oferecer aos eleitores uma perspectiva de centro. João Santana, marqueteiro de Lula e Dilma, prevê que os “anões” Aécio, Marina e Eduardo vão se entredevorar deixando o caminho livre para a carruagem da presidente Dilma. Marina tem um projeto ambiental para o Brasil. Aécio propõe voltar aos tempos de FHC com mais dinamismo, juventude e racionalidade. Qual o projeto do socialista Eduardo Campos? Não digo que não tenha.
Precisa ainda mostrá-lo.
Por enquanto, há uma certeza: Aécio, Marina e Eduardo querem a cadeira de Dilma. Nessa corrida cheia de obstáculo parece que já há um perdedor: José Serra. O velho tucano não alçou voo para o PPS e dificilmente pousará no Planalto pelo PSDB, salvo se encontrar alguma munição explosiva para abater Aécio na decolagem. Os dados não estão lançados, mas há uma presa a ser derrubada: Dilma Rousseff. O petismo é o alvo de todos.
Marina Silva, em março deste ano, falando para o jornal Estado de S. Paulo, considerou Eduardo Campos e Aécio Neves farinha do mesmo saco.
Todos no mesmo diapasão de Dilma Rousseff.
O que mudou?

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