Ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF) mostrou preocupação com a solidez institucional do Brasil aos
olhos dos países estrangeiros diante da proposta de constituinte exclusiva da
presidente.
Por
Laryssa Borges, Brasília, 25/06/2013,
www.veja.com.br.
Ministro Gilmar Mendes durante
sessão que julga o mensalão, em 10/12/2012 (STF).
O ministro Gilmar Mendes, do
Supremo Tribunal Federal (STF), criticou duramente nesta terça-feira o anúncio
– seguido agora de um recuo – da presidente Dilma Rousseff
que propôs ao Congresso fazer um plebiscito
para discutir a possibilidade de convocação de uma assembleia constituinte
exclusiva para votar a reforma política. Do ponto de vista da estabilidade das
instituições brasileiras, avaliou o magistrado, o Brasil é respeitado internacionalmente,
mas quando propõe medidas extremas como as anunciadas ontem no Palácio do
Planalto, o país se afasta de nações respeitadas como a Alemanha e se aproxima
dos regimes da Venezuela ou da Bolívia, segundo o ministro.
“O Brasil dormiu como se fosse Alemanha, Itália, Espanha, Portugal em termos de estabilidade institucional e amanheceu parecido com a Bolívia ou a Venezuela. Isso não é razoável. Não é razoável ficar flertando com uma doutrina constitucional bolivariana. Nós temos outras inspirações.”
“O Brasil dormiu como se fosse Alemanha, Itália, Espanha, Portugal em termos de estabilidade institucional e amanheceu parecido com a Bolívia ou a Venezuela. Isso não é razoável. Não é razoável ficar flertando com uma doutrina constitucional bolivariana. Nós temos outras inspirações.”
Desde que a presidente Dilma
Rousseff anunciou, na tarde dessa segunda-feira, a possibilidade de se realizar
um plebiscito, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) entraram em campo e
dispararam telefonemas para os principais deputados e senadores para
convencê-los de que a iniciativa era completamente inconstitucional. Pelo menos quatro magistrados procuraram líderes do governo e da
oposição para alertar sobre os riscos da proposta da presidente Dilma.
Espanhol - Ao
comentar a iniciativa do Palácio do Planalto, o ministro Gilmar Mendes informou
que, juridicamente, não é possível convocar uma constituinte para funcionar
paralelamente à Constituição de 1988. Ao comparar a proposta do governo com
regimes semiditatoriais como o da Venezuela, Mendes ironizou: “felizmente, não
pediram que na assembleia constituinte se falasse espanhol”.
Na avaliação do magistrado, boa
parte das propostas de reforma política pode ser feita por leis ordinárias, sem
a necessidade de se adotar estratagemas contentáveis para emplacar, por via
pouco democrática, propostas de interesse do governo federal. “Por exemplo, a
questão das coligações para eleições proporcionais. Por que há tantos partidos
no Congresso? Porque hoje tem-se esse modelo das coligações. Já há algum tempo
se discute a supressão das coligações”, relembrou. Em outros temas, como na
adoção do voto distrital, diz o ministro, bastaria apresentar uma proposta de
emenda à Constituição (PEC) e aprovar o texto regularmente no Congresso. Mendes
relembrou que temas espinhosos, como a reforma da Previdência, foram votados
pelos parlamentares “sem a necessidade de se chamar um novo processo
constituinte”.
Para o ministro, a adoção de estratégias contentáveis como a da presidente Dilma Rousseff é resultado da falta de diálogo entre o Executivo e os parlamentares. “No Congresso, está havendo um estranhamento devido à ausência do governo federal na articulação desses temas, o que tem feito com que as questões não se resolvam”, disse.
Para o ministro, a adoção de estratégias contentáveis como a da presidente Dilma Rousseff é resultado da falta de diálogo entre o Executivo e os parlamentares. “No Congresso, está havendo um estranhamento devido à ausência do governo federal na articulação desses temas, o que tem feito com que as questões não se resolvam”, disse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário