Por Augusto Nunes, 22/10/2015,
www.veja.com.br
Texto de
Vlady Oliver
É impressionante acreditar que a história do Brasil passa pela mais pusilânime briga de vaidades. Já contei aqui mesmo a historinha – com agá – do pastor franco-atirador que foi buscar uma mala de dinheiro do narcotráfico para uma igreja neo-evangélica. Quando voltou, cheio de marra, exigiu nada menos que a presidência da empresa onde tinha se pendurado, causando vários meses de terror entre a cúpula da bagaça, que não sabia o que fazer para enquadrar o chantagista.
Li por aí – acredito que nos antagonistas – a versão de que o chefão do
bando do partido da estrelinha na cueca tinha seu discurso de candidato
presidencial no bolso do terninho quando foi chamado pela criatura para uma
“conversa em particular”, na convenção dos meliantes da bandeira vermelha de
vergonha. Com certeza daí surgiu à distensão em que hoje vivemos.
Lembrou a camarada de armas e golpes que ela sabia mais que o desejável
sobre o chefe da tribo para não se candidatar à pajelança de novo. E assim se
fez. Não sem antes criador e criatura cortarem a “linha vermelha” que ligava o
umbigo de ambos, fazendo com que a megera finalmente tivesse uma presidência só
sua para chamar de sua. Deu no que deu.
Desesperados agora para salvarem os próprios rabos, vejo-me diante da
mesma vigarice que culminou num incêndio criminoso que todo mundo apagou na
época, sentando em cima das provas do crime. Se o cara não podia mais brincar
de presidente, ninguém mais iria brincar dali pra frente. A história se repete
como farsa, meus caros.
Conta-se que o bom ladrão paulista – aquele procurado pela Interpol e
que trafega sem vergonha nenhuma pelo Congresso – também não era assim lá tão
“amigo” daquele prefeito “nunca mais votem em mim”. Na verdade, o cara foi
cooptado e chantageado pelo aluno do crime, tentando um golpe para reinar mais
do que o rei. Não sei se as pessoas aqui se dão conta da pequeneza destes atos
empilhados. Da mesquinhez que fala mais alto nestas horas. E do caminho
inexorável que todas essas figuras tiveram em direção ao ostracismo.
O discípulo do prefeito foi denunciado pela própria ex-mulher, para
termos uma idéia do inferno em que vivia. O pastor cretino foi condecorado com
uma filial do embuste no meio da África. E a mamulenga-em-chefe ainda tem o seu
futuro em aberto. Espanta-me que ninguém aqui se pergunte como ela conseguiu
fazer um governo anterior a este sem que a farsa tenha sido descoberta.
É evidente que as mãos acidentadas, de propósito, do chefe da quadrilha,
estavam por trás da operação toda. É evidente que o grande chantagista acabou
chantageado pela afilhada embusteira. É evidente que ela – e não ele – quis
implantar aqui o comunismo pimpão. Ele só queria superfaturar e enriquecer os
filhos Ronaldos. Pra isso amalgamou-se com um PMDB. E tem gente aqui que ainda
acha que a questão de fundo é ideológica. Utópica. Não é.
A questão de fundo é o poder, meus caros. A vontade obsessiva desses
vagabundos de se pendurar no poder. A vontade que têm esses vigaristas de
seviciar o próximo, se o próximo estiver próximo o suficiente de seus
tentáculos nojentos e pegajosos. É a isso que me refiro quando venho aqui desancar
figuras que deveriam ser de oposição e não são. Fingem ser. Sabem que, por trás
da lambança, há motivos ainda mais fúteis que a história do Brasil para contar,
para inglês ver.
Por trás da
vigarice está mesmo é a ambição pessoal de cada um desses meliantes. Suas
taras, seus desejos mais recônditos, suas compulsão para bulir com um país
inteiro, uma vez que não são amados como gostariam, por tortos que são. E
fecha-se o ciclo. É uma piada macabra. Uma história torpe. Um conto do vigário.
Era uma vez um país…
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