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quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Minha quarta catilinária



Por Juremir Machado da Silva, 28/12/2015,
 www.correiodopovo.com.br


Até quando, ó político brasileiro de oposição, de direita ou de esquerda, abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo ainda há de zombar de nós essa tua obsessão por impeachment? A que extremos se há de precipitar a tua ganância sem freio pelo poder imediato? Até quando inventarás terceiros turnos, desconfiarás das urnas eletrônicas, pedirás recontagem dos votos e clamarás por um atalho que te faça cair no colo o poder que não colheste nas urnas? Nos anos 1990, desesperado por não conseguir chegar à presidência da República, o PT ajudou a derrubar Fernando Collor, depois pediu os impedimentos de Itamar Franco e de FHC. Instalado no poder, na quarta tentativa, tornou-se alvo dos que antes chamavam de golpe os seus arroubos para interromper mandatos legitimamente ganhos nas urnas.
Até quando, ó político brasileiro de oposição, sofrerás de ejaculação precoce eleitoral e confundirás presidencialismo com parlamentarismo? Até quando chamará de impeachment o teu golpe e de golpe o impeachment do outro? Até quando pararás o país para tentar satisfazer o teu interesse e para estancar o teu ressentimento? Até quando te aliarás a corruptos para combater a corrupção? Até quando abusarás da nossa paciência com teus discursos inflamados que contrariam boa parte das tuas próprias práticas envoltas em brumas e cinzas? A que extremos se há de precipitar a tua capacidade de manobrar, de espernear, de manipular, de racionalizar, de enrolar e até de votar em favor do pior em nome do melhor somente para ti?
Até quando, ó político brasileiro da situação, abusarás da nossa paciência com tua infinita capacidade de tapar o sol com a peneira? Por quanto tempo ainda há de zombar de nós essa tua obsessão por encobrir os erros e os desmandos do teu governo? A que extremos se há de precipitar a tua ganância sem freio pelo poder e pelo dinheiro? Até quando justificarás o injustificável e insistirás que é vítima de um complô, de uma armação, de uma conspiração? Até quando abusarás da nossa paciência com as tuas promessas e prometerás não esquecer o que pacientemente esperam os cidadãos? Até quando, esteio do governo relativizará tragédias e inflarás pequenas conquistas? Até quando manipularás números e fecharás os olhos a estatísticas negativas? Até quando erguerás teus punhos para defender traidores da confiança do povo e baixarás os braços diante dos interesses jamais incomodados das grandes fortunas e dos banqueiros?
Até quando, ó político brasileiro de oposição ou da situação, de direita ou de esquerda, abusarás da nossa paciência com teu imenso cinismo? Por quanto tempo ainda há de zombar de nós essa tua cegueira? A que extremos se há de precipitar o teu pragmatismo sem freio? Por quanto tempo te chamarás Eduardo Cunha? Por quanto tempo terás de ser freado pelo Supremo Tribunal Federal? Por quanto tempo fecharás teus ouvidos aos clamores das ruas? Até quando abusarás da nossa impaciência com tua paciência de ruminante? Por quanto tempo ainda há de zombar de nós essa tua indiferença pela chamada ética?

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