Envolvidos
implicam Lula, Dilma, Wagner, Edinho, Gabrielli, Delcídio, Haddad, Bendine...
Por Felipe Moura Brasil, 08/01/2016,
www.veja.com.br
Vamos ligar
os pontos do noticiário do dia:
1) Nestor Cerveró delatou que o petista Jaques Wagner recebeu
propina desviada da Petrobras, que lhe
foi encaminhada pelo então presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, para a
campanha do atual ministro-chefe da Casa Civil ao governo da Bahia, em 2006.
As declarações constam em documentos apreendidos pela Polícia Federal no
gabinete do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), que, portanto, sabia exatamente
o que Cerveró estava disposto a contar à PGR em sua delação premiada.
Delcídio foi preso após ser flagrado tentando negociar com o filho de
Cerveró, Bernardo (autor da gravação da conversa), a compra do silêncio do
ex-diretor da Petrobras e eventuais rotas de fuga do país.
Em reuniões semanais com Lula, Delcídio recebia missões e
depois reportava o andamento de suas atividades ao ex-presidente e
também a Dilma Rousseff. Cerveró também já havia admitido ter negociado uma propina
de R$ 4 milhões que seria paga pela Odebrecht à campanha à reeleição
de Lula, em 2006, e que Dilma “sabia de tudo” sobre o escândalo da compra
da refinaria de Pasadena.
O silêncio de Cerveró interessava a Wagner, Gabrielli, Lula e Dilma
(para ficar só nos petistas supracitados). Em 2012, seis anos após a propina
delatada por Cerveró, Wagner empregou Gabrielli como Secretário de Planejamento
da Bahia.
É muita gentileza.
2) Jaques Wagner também aparece nas mensagens apreendidas no
celular de Léo Pinheiro, da OAS, condenado a 16
anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção ativa, lavagem de
dinheiro e organização criminosa.
Neste caso, o atual ministro negociava pagamento da OAS a um
candidato a prefeito de Salvador.
Assim como Gabrielli, dois executivos da empreiteira citados nas
mensagens assumiram secretarias estaduais no governo da Bahia: Manuel
Ribeiro Filho, na gestão do sucessor de Wagner, Rui
Costa; e Bruno Dauster, na gestão de ambos.
A Bahia é uma festa da OAS.
3) Cunha x Cardozo & Janot
Folha: “Cunha ficou indócil ao saber que o ministro José
Eduardo Cardozo (Justiça) abriu investigação para apurar o vazamento de
mensagens contra o colega Jaques Wagner (Casa Civil). ‘Ele não abriu inquérito
para apurar o meu caso. Cardozo está prevaricando’, diz o presidente da
Câmara.”
Em nota, Cunha acrescentou: “Bastou
citarem algum integrante do governo para ele, agindo partidariamente, solicitar
apuração imediata”.
Para completar, o PGR Rodrigo Janot ainda “estuda” incluir Wagner na lista de
investigados. Deve estar mais chateado com o vazamento também.
(A propósito: o STF autorizou a quebra de sigilos bancário e fiscal
de Cunha.)
4) Lula, o Brahma nas mensagens de Léo Pinheiro, é “uma
oportunidade única” para a OAS.
Em 2014, segundo a Folha, o empreiteiro escreveu: “Ele vai
estar num encontro político com o Brahma. Tem de aproveitar para pedir: solução
para Porto Vida, solução para Porto Maravilha; BNDES; rolagem da dívida. É à
hora de pedir. A oportunidade é única”.
Naquele ano, a OAS deu R$ 20 milhões de reais para a campanha de
Dilma. Quem paga pede.
5) A influência de Léo Pinheiro sobre Lula e Wagner faz dele “O CARA”.
“Não esqueça de me reservar uma vaga de Office Boy nesse arranjo
político. Afinal, com sua influência junto ao Galego [Wagner] e a Lula, você é
O CARA”, escreveu-lhe Carlos Borges, diretor da Funcef, ainda em 2014.
Ele é “o cara” que o PT quer manter caladinho.
6) Edinho Silva chama Léo Pinheiro de “grande parceiro” em uma das mensagens apreendidas no celular do
ex-presidente da OAS.
Na época, o atual ministro da Secretaria de Comunicação
Social era o arrecadador de campanha de Dilma Rousseff, que lhe deu um
ministério de presente para que ele tivesse foro privilegiado em caso de
aperto, como agora.
A propósito: as mensagens de texto também mostram a proximidade de
Pinheiro com o prefeito petista de São Paulo, Fernando Haddad, e o atual
presidente da Petrobras, Aldemir Bendine. Elas também implicam o
ministro Henrique Eduardo Alves (Turismo), o presidente do Senado,
Renan Calheiros, os senadores Edison Lobão, Lindbergh Farias, os deputados
Arlindo Chinaglia e Osmar Terra.
Considerando que o ex-presidente da OAS foi ainda o
responsável pelas reformas do triples e do sítio de Lula, seu silêncio
interessa a Lula, Dilma, Edinho, Wagner, Haddad, Bendine, Renan e tutti
quanti.
Na quinta-feira, expliquei aqui que Dilma alterou a Lei Anticorrupção para evitar, entre outras, a delação premiada de Léo Pinheiro. Os
motivos estão cada vez mais claros.
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