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domingo, 12 de outubro de 2014

Democracia e partidos políticos (Fonte: CP 03/11/2013).



Por Jarbas Lima, Professor de Direito.

A democracia parece ser um vocábulo honorífico, todos querem ser ou parecer que são democratas. “Quando um termo torna-se assim santificado começo a imaginar se ele exprime algo, ao significar coisas demais” (T.S.Eliot). Significa governo da maioria que protege direitos das minorias. A democracia identifica a existência de uma sociedade aberta, com mecanismos eletivos, alternância no poder. O Estado a serviço dos cidadãos. A sociedade tem precedência ao estado. É o governo do povo, pelo povo e para o povo, no discurso de Lincoln, 1863. É o regime de liberdade em que todos têm os mesmos direitos. A democracia só é possível com partidos políticos verdadeiros, sérios, a serviço do povo, sem qualquer propósito de servirem-se.
Os partidos se confundem, historicamente, com os processos eleitorais e os parlamentos. Nasceram para socorrer o povo, ajudá-lo a enxergar a verdade, o certo, o justo. Salvá-los na boa-fé, na ingênua esperança, nos perigos da demagogia, da fraude. Protegê-lo dos riscos da improbidade, da corrupção. Oferecendo candidatos honestos, competentes, capazes. Partido é parte, tem clara ideologia. Tem a mais pura e grata fé pública, dele participamos. Quando surgiram os primeiros partidos, já não eram poucos os que duvidavam de sua legitimidade. A sombra oligárquica já assustava. O interesse de alguns já punha em risco o interesse geral. Mas eles são indispensáveis à renovação política, ao aperfeiçoamento das organizações de poder, das doutrinas, dos sistemas sociais. Os partidos políticos caracterizam os Estados modernos, representativos, constitucionais. Aspiram a representar os desejos dominantes da opinião pública.
A sociedade está cansando de suas instituições, e deste cansaço não se salvam os partidos. Há sinais perigosos de falsos heróis, até nazistas e fascistas ressuscitados. O Executivo legisla, o Legislativo obedece, não legisla, não controla e não fiscaliza. A qualidade das instituições retrata a sociedade, modela a qualidade e legitimidade dos partidos. “Cada época traz consigo sua norma e sua anormalidade, seus imperativos e suas falsificações... Não nos devemos envolver em suas fraudes” (Ortega y Gasset).

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