Publicado em 10/07/2010,
Por Leandro Vieira.
Quem me lê sabe que a modéstia
não é uma de minhas virtudes. Faço minhas a palavras de Schopenhauer: o que é a
modéstia senão uma humildade hipócrita através da qual um homem pede perdão por
ter qualidades e os méritos que os outros não têm?
Já Lula, bem, seu caso não se
trata de falta de modéstia. Antes fosse. O demiurgo se apropria descaradamente
de mérito alheio e sai falando que “nunca antes na história deste país” se
comeu tão bem; que “nunca antes na história deste país” tanta gente pôde ir ao
supermercado; que “nunca antes na história deste país” as pessoas se
higienizaram tanto com papel higiênico Neve… E há quem acredite que sim, de
fato, foi Lula quem pariu Mateus.
Como se pode verificar aqui – documento oficial da Presidência da República sobre a lei 10.836/2004,
que cria o Bolsa Família – o parto do programa social que é o carro-chefe de
Lula não teve início sub governo petista. O decreto nos traz as seguintes
informações:
[Eu, Lula], O PRESIDENTE
DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
seguinte Lei:
Art. 1o Fica criado, no âmbito da Presidência da República, o Programa Bolsa Família, destinado às ações de transferência de renda com condicionalidades.
Parágrafo único. O Programa de que trata o caput tem por finalidade a unificação dos procedimentos de gestão e execução das ações de transferência de renda do Governo Federal, especialmente as do Programa Nacional de Renda Mínima vinculada à Educação – Bolsa Escola, instituído pela Lei nº 10.219, de 11 de abril de 2001, do Programa Nacional de Acesso à Alimentação – PNAA, criado pela Lei n o 10.689, de 13 de junho de 2003, do Programa Nacional de Renda Mínima vinculada à Saúde – Bolsa Alimentação, instituído pela Medida Provisória n o 2.206-1, de 6 de setembro de 2001, do Programa Auxílio-Gás, instituído pelo Decreto nº 4.102, de 24 de janeiro de 2002, e do Cadastramento Único do Governo Federal, instituído pelo Decreto nº 3.877, de 24 de julho de 2001.
Art. 1o Fica criado, no âmbito da Presidência da República, o Programa Bolsa Família, destinado às ações de transferência de renda com condicionalidades.
Parágrafo único. O Programa de que trata o caput tem por finalidade a unificação dos procedimentos de gestão e execução das ações de transferência de renda do Governo Federal, especialmente as do Programa Nacional de Renda Mínima vinculada à Educação – Bolsa Escola, instituído pela Lei nº 10.219, de 11 de abril de 2001, do Programa Nacional de Acesso à Alimentação – PNAA, criado pela Lei n o 10.689, de 13 de junho de 2003, do Programa Nacional de Renda Mínima vinculada à Saúde – Bolsa Alimentação, instituído pela Medida Provisória n o 2.206-1, de 6 de setembro de 2001, do Programa Auxílio-Gás, instituído pelo Decreto nº 4.102, de 24 de janeiro de 2002, e do Cadastramento Único do Governo Federal, instituído pelo Decreto nº 3.877, de 24 de julho de 2001.
Em síntese:
O Bolsa Escola foi criado em 2001;
O Programa Nacional de Acesso à Alimentação foi criado em 2003;
O Bolsa Alimentação foi criado em 2001;
O Programa Auxílio-Gás foi criado em 2002;
O Cadastramento Único foi instituído em 2001.
O Bolsa Escola foi criado em 2001;
O Programa Nacional de Acesso à Alimentação foi criado em 2003;
O Bolsa Alimentação foi criado em 2001;
O Programa Auxílio-Gás foi criado em 2002;
O Cadastramento Único foi instituído em 2001.
Todas essas ações são o fio
condutor do atual programa Bolsa Família, tido como o supra-sumo das ações
sociais de Lula. Mas como se vê no decreto, o berço de tudo isso está nos anos
de 2001, 2002 e 2003, quando o presidente do Brasil era Fernando Henrique
Cardoso.
Quando, na semana passada, Serra
prometeu dobrar o número de atendidos pelo Bolsa Família, o PT surgiu e atacou
a fala do tucano. Disse que se trata de hipocrisia. Pois é… Não orna muito bem
petista falando de hipocrisia. Um dos primeiros partidos a ir CONTRA o conjunto
de ações acima lista foi justamente o… PT!!! Agora, o partido promete uma
verdadeira ofensiva contra Serra toda vez que o tucano tratar sobre o programa.
Lula, certamente, aparecerá na
campanha de Dilma dizendo que sua criatura é a única capaz de dar continuidade
à expansão do Bolsa Família. Se bobear, vai deturpar os fatos históricos e
roubar para si todos os méritos do programa. Não é problema de modéstia, mas de
caráter mesmo.
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