Lula sobre denúncias de corrupção: 'Estou de
saco cheio'.
Em plenária do PT, ex-presidente admitiu falhas na campanha em São Paulo
e fez apelo à militância para 'não abaixar a cabeça' diante das acusações.
Por Veja,
10/102014, www.veja.com.br.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira que
não aguenta mais ver o PT envolvido em denúncias de corrupção e fez um
chamado à militância para “não abaixar a cabeça” diante das acusações de que o
partido recebeu dinheiro ilícito da Petrobras. “Todo o ano é a
mesma coisa. É sempre o mesmo cenário: eles começam a levantar as denúncias,
que não precisam ser provadas. É só insinuar que a imprensa já dá destaque. Eu
quero dizer para vocês que eu já estou de saco cheio", disse em discurso. "Daqui
a pouco eles estarão investigando como nós nos portávamos dentro do ventre da
nossa mãe”, prosseguiu Lula, voltando a disparar contra a imprensa, na primeira
plenária do partido após o primeiro turno da eleição presidencial, no sindicato
dos bancários, no Centro de São Paulo.
"Se tem um que comete um erro, tem milhões que não cometem erro
nesse partido. Nós não podemos admitir que um partido bicudo venha nos chamar
de corruptos”, completou, alfinetando o PSDB diante de uma plateia formada
por sindicalistas, políticos e membros de movimentos estudantis.
No começo do discurso de quase quarenta minutos, o ex-presidente afirmou
que há “algo errado” no modo como a campanha petista está sendo conduzida em
São Paulo, reconhecendo o fiasco do partido no Estado – onde Dilma conseguiu
apenas 25% dos votos, contra 44% de Aécio, e o candidato ao governo, Alexandre
Padilha, ficou em terceiro lugar na disputa.
“Nós não fizemos tudo o que poderia ser feito aqui em São Paulo. Eu
sinceramente custo a crer que no Estado mais industrial do Brasil, portanto, o
mais operário, o presidente da FIESP [Paulo Skaf, candidato do PMDB ao governo,
que ficou em segundo lugar na eleição] teve mais voto que nós”, disse Lula,
inconformado com o resultado das eleições em tradicionais redutos
petistas como Mauá, São Bernardo do Campo, Santo André, entre outras
cidades onde a candidata Marina Silva obteve votação expressiva.
Seguindo a estratégia da campanha petista, Lula voltou a dizer que a
gestão de Fernando Henrique Cardoso foi um “retrocesso” e que os tucanos
“governam para a elite”. Em seguida, repetiu o discurso da presidente-candidata
Dilma Rousseff de que o PSDB tem preconceito contra nordestinos. No palanque,
Lula estava acompanhado do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, do candidato
derrotado ao governo Alexandre Padilha, do candidato derrotado ao Senado
Eduardo Suplicy, do presidente nacional do PT, Rui Falcão, do presidente do
diretório estadual, Emídio de Souza, além de prefeitos petistas de cidades
paulistas e líderes de centrais sindicais.
Petrobras – Antes do discurso
de Lula, o deputado federal Arlindo Chinaglia deu uma coletiva de imprensa para
explicar as denúncias de que o ex-presidente cedeu à pressão de partidos aliados para nomear
Paulo Roberto Costa ao cargo de diretor de Abastecimento da Petrobras em 2004 –
na época, Chinaglia era líder da bancada do PT na Câmara.
Escolhido para rebater as acusações pelo partido, ele as classificou
como "mentirosas", listando uma série de projetos que foram votados
no período. Segundo Chinaglia, foram votadas quatro emendas à Constituição, 37
medidas provisórias, três projetos de lei, oito projetos de decreto legislativo
e oito projetos de resolução. À Justiça Federal, o doleiro Alberto Youssef declarou que
a pauta no Congresso foi trancada por três meses como uma maneira de pressionar
o então presidente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário