Protestar em defesa de salários e
até de benefícios indevidos é um direito assegurado pela Constituição; depredar
patrimônio público e atacar a polícia é coisa de marginais da democracia
Por Reinaldo
Azevedo, 17/11/2016,
www.veja.com.br
A imoralidade da extrema direita só
encontra correspondência na imoralidade da extrema esquerda. São parentes. “Ah,
Reinaldo, então a verdade está no meio?” Como sempre digo, no meio, costuma
estar uma pessoa certa que se viu na contingência de condescender com o erro.
Como sabem, acho que a verdade está com a perspectiva liberal — que não abre
mão das leis que temos, ainda que se possa lutar com muita energia pelas leis
que queremos.
Por que digo isso? Vamos ver.
Um protesto de servidores do Estado do
Rio contra o pacote de ajuste fiscal proposto pelo governador Luiz Fernando
Pezão (PMDB) acabou em confronto com a Polícia Militar, em frente à Assembléia
Legislativa. Os manifestantes derrubaram grades de proteção no entorno do local
e tentaram invadir o prédio, mas foram contidos pela PM, que reagiu com bombas
de gás lacrimogêneo e spray de pimenta para dispersar o grupo.
Alguns vândalos lançaram rojão e
sinalizadores contra a corporação, que precisou do apoio do Batalhão de Choque.
A situação foi controlada no meio da tarde, quando o presidente da Alerj,
deputado Jorge Picciani (PMDB), deu início aos trabalhos.
Disse Pezão: “A violência não traz
benefício. Essas medidas não são para prejudicar. Essas medidas são para
garantir o calendário de 2017 e 2018. E não vai ser na violência. Depredação de
prédio público não traz nenhum benefício. Essas pessoas que estão indo lá com
violência, que levem ideias para dentro do parlamento, para resolver essa crise
que não é só do Rio de Janeiro”.
Causou comoção na esquerda bocó um
vídeo em que dois policiais do choque deixam a tropa para se juntar aos
manifestantes, “mudando de lado”. Houve tonto achando que estava vivendo da
Paris de 1968 ou que assistia a uma reedição da Revolução dos Cravos, em
Portugal, ocorrida em 1974… Eu acho que foram apenas dois atos de indisciplina
e que a dupla tem de ser expulsa da PM. Simples e objetivamente.
E por que falei da esquerda? Quando a
Câmara foi invadida pelos cretinos que pediam golpe, gente como o deputado
Chico Alencar (PSOL-RJ) ousou ver no ato até um reflexo da eleição de Donald
Trump nos EUA e uma suposta ascensão da direita mundo afora… Pois é.
Alencar certamente se abstém de
analisar o comportamento dos que promoveram a baderna no Rio porque, como se
sabe, o seu partido, o PSOL, costuma estar na raiz de manifestações dessa
natureza.
Ora, qual é a diferença entre os que
praticaram delinqüência no Rio e os que praticaram delinqüência em Brasília? É
só o sinal ideológico. Uns estão num extremo do espectro ideológico; os outros,
no oposto. E todos eles ignoram as regras mínimas da civilidade democrática.
A exemplo do que defendo para Brasília,
também os do Rio têm de ser identificados e de responder por seus atos. Mas
podem apostar: daqui a pouco os apocalípticos de esquerda vão vociferar na
imprensa contra o “fascismo de direita”, sem, no entanto, fazer qualquer
objeção aos fascistas de esquerda.
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