Minhas esperanças foram fatiadas
numa cerimônia bronca e dissimulada
Por Augusto
Nunes, 03/09/2016,
www.veja.com.br
Texto de Vlady Oliver
Sou insistente. Afirmo que uma visão do inferno me
assola ultimamente e sou suficientemente descrente para não achar que estou
variando. Peço a gentileza dos nobres leitores de Sonia Zaghetto para um
exercício simples, quase pueril. Uma vez lido o manifesto, entendemos
perfeitamente tratar-se do fato em andamento, da Era da Mediocridade em que
mergulhamos fundo e parece que temos agora a chance tênue de voltar à tona para
respirar.
Por um momento, esqueçam o momento vivido – quase
vinte anos de socialismo no lombo – e releiam o artigo, agora imaginando uma
visão futura e trocando o socialismo batedor de carteira pelo jihadismo
neo-evangélico dos fast foods da fé. O que lhes parece? Vou guardar este
texto com muito carinho, para saboreá-lo de novo daqui a vinte anos. Até lá
acredito que terá passado o novo reinado que tenta se instaurar por aqui. O
reinado do dinheiro vivo. Da campanha bancada em espécie.
Não tenho mais esperanças com o Brasil. Nenhuma.
Foram fatiadas numa cerimônia bronca, fingida e dissimulada para fazer-nos
pensar que ganhamos, mas não levamos. Para nos tungar e iludir. Falei agora
mesmo em privado com amigos que também estão sitiados em casa, com receio das
manifestações superfaturadas que o “impixi” vem causando. São a senha de
alinhamento dos broncolóides que, descendo das árvores e perdendo o rabo, se
julgam no direito de apedrejar os dissidentes, com a conivência tácita e
explícita de quem deveria zelar pela lei, pela ordem e pela justiça.
Não há no horizonte qualquer suspiro dessa
maturidade demandada pela nobre articulista. Pelo contrário. O que vejo – e
poucos estão vendo – é uma desfaçatez ainda maior liderando as pesquisas de
opinião, inaugurando um período ainda mais nefasto de crendices e pilantragens
regadas a fartas doses de dinheiro público novamente desviado para finalidades
estranhas.
Sabem o que é incrível? Ainda com o “copo de prástico”
onde meteram o espumante que abriram para comemorar o enterro da morta-viva do
Planalto, ninguém está levando a serio a ameaça que paira em nossa frente, bem
diante dos nossos olhos mal abertos. Aqui estou eu de novo, margem de erro de
novo absolutismo, tentando convencer a maioria das pessoas do óbvio ululante. O
que aparece aí na frente tem chifres, é vermelho, cheira a enxofre, mas não tem
uma estrelinha na cueca. Este é diferente. Este tem uma pombinha dentro.
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