Tarso Genro volta a falar “em
refundação do PT”. Já fez isso em 2005 e depois se contentou com papo-furado do
golpe das elites
Por Reinaldo
Azevedo, 17/10/2016,
www.veja.com.br
É mesmo?
Querem um exemplo de quão perdido está
o partido? Tomem o caso de Tarso Genro. Em 2005, quando explodiu o mensalão,
ele defendeu, ora, ora, a refundação do partido. Assumiu pouco depois a
presidência da sigla. Refundou o quê? Nada. Em 2006, vai para o Ministério das
Relações Institucionais e, no ano seguinte, para o da Justiça, onde ficou até
2010.
Aquele que se queria o “refundador”
passou a repetir a bobajada de que o mensalão era uma tentativa de “golpe” das
elites, conversa mole que foi repetida agora, com o petrolão. Pois é… Tarso,
membro da corrente “Mensagem ao Partido”, volta agora a falar em “refundação”.
E que mensagem nova ele traz?
Ora, vimos isso há meros três meses. Em
carta aberta aos petistas, o doutor recomendou que o PT se mantivesse longe da
disputa pela presidência da Câmara e censurou os companheiros de partido que
apoiaram a candidatura de Rodrigo Maia. Num dado momento, escreve:
“Esta crise não foi inventada pela
mídia nem pelos Procuradores. A mídia oligopolizada e uma parte não
significativa, em termos quantitativos, do Judiciário e de outros aparatos do
Estado – opositores radicais do projeto que representamos – souberam, isto sim,
manipular nossos erros políticos, equívocos de gestão e mesmo a ilusória
sensação de impunidade (que às vezes leva ao delito), que afetou em alguma
medida parte de companheiros nossos. Manipulando contra toda a evidência,
porém, vincularam artificialmente a Presidenta à corrupção e assim promovem a
sua derrubada, colocando no Poder uma Confederação de Denunciados e
Investigados.”
Alguém poderá dizer: “Bem, é melhor do
que Rui Falcão, que não admite erro nenhum”. Ora, a questão é saber o que Tarso
propõe como profilaxia para aquilo que chama “nossos erros”. Mais: que
renovação seria essa que parte do princípio de que existe uma “mídia
oligopolizada” e de que a queda de Dilma e a derrocada do PT decorrem da
oposição que setores da sociedade brasileira fazem a seu “projeto”.
Qual
projeto?
O PT é um paciente terminal, entre
outras razões, porque seus doutores se negam a enxergar a doença. Há uma boa possibilidade
de que assim seja porque o partido só entende a própria estruturação e a
própria configuração segundo aquilo que a lei define como “organização
criminosa”.
Nesses termos, não pode haver
refundação, autocrítica ou mea-culpa.
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