Certas corporações de funcionários públicos ignoram a realidade do País
Por Augusto
Nunes, 11/02/2017,
www.veja.com.br
Editorial do Estadão
Foi muito preciso o governador do Espírito Santo,
Paulo Hartung, quando classificou de “seqüestro” a greve dos policiais
militares no Estado. “O que está acontecendo no Espírito Santo é chantagem
aberta. Isso é a mesma coisa que seqüestrar a liberdade e o direito do cidadão
capixaba e cobrar resgate”, disse Hartung, diante da terrível sensação de
insegurança que tomou a população do Estado em razão da paralisação dos
policiais, que exigem aumento de salário.
O caso do Espírito Santo ilustra, de forma
dramática, até que ponto as corporações de funcionários públicos em todo o País
estão dispostas a ir para arrancar do Estado aquilo que julgam serem seus
direitos inalienáveis – mesmo que as leis sejam atropeladas, que as
instituições sejam desrespeitadas e que o resto da população, que paga impostos
para ter
No momento em que, mais do que nunca, está clara a
necessidade de racionalizar os escassos recursos públicos, em razão da severa
crise que o País enfrenta, é preciso emprestar total apoio aos governantes que
se dispõem a arrostar essas corporações, que não se importam em fazer a
população de refém de seus interesses. Somente esse apoio deixará claro que os
cidadãos estão realmente cansados da irresponsabilidade na administração
pública e que não toleram mais o oportunismo dos que se empenham em incendiar o
País para dobrar os joelhos do Estado ante suas reivindicações.
O fato é que há muito tempo certas corporações de
funcionários públicos ignoram a realidade do País, fazendo exigências absurdas
e, em alguns casos, apelando inclusive para a violência quando se julgam
preteridas. O episódio do Espírito Santo é hoje o mais representativo dessa
truculência, mas está longe de ser o único.
Na quarta-feira passada, em Brasília, por exemplo,
policiais civis que protestavam contra a reforma da Previdência tentaram
invadir o plenário da Câmara dos Deputados. Foram contidos pelos policiais
legislativos. Segundo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), um dos
manifestantes chegou a sacar uma arma para intimidar os policiais que tentavam
manter a ordem. “O debate da reforma será feito, a sociedade será convidada
para debater a reforma, mas não na base da violência”, disse Maia.
Greves e manifestações de policiais são
especialmente graves porque envolvem servidores armados, cuja função é proteger
a sociedade, e não deixá-la à mercê de bandidos. Mas a violência tem
notabilizado outros movimentos reivindicatórios de servidores públicos, sempre
na expectativa de intimidar o Estado. Vêm se tornando perigosamente recorrentes
as invasões de grevistas a prédios públicos, especialmente as Casas
Legislativas, como demonstrações de força para pressionar parlamentares e
governantes a atender a suas exigências.
É por essa razão que a resistência anunciada pelo
governo do Espírito Santo é importante. Trata-se de um desafio aos que,
desconsiderando totalmente a duríssima conjuntura econômica, pretendem capturar
o Estado e submetê-lo a seus interesses, muitas vezes na marra. Como disse o
governador Hartung, “se o Espírito Santo não enfrentar essa situação, daqui a
pouco esse movimento será em todo o País”.
Mas soa quase quixotesca a luta dos que levam a
sério da Lei de Responsabilidade Fiscal, como parece ser o caso da
administração do Espírito Santo. O governo do Rio de Janeiro, por exemplo,
anunciou que haverá aumento de 10,22% nos salários de policiais militares e
civis do Estado. A decisão foi tomada depois que circularam rumores de que os
policiais fluminenses poderiam realizar movimento semelhante ao dos colegas
capixabas.
Ou seja, o governo do Rio, embora esteja
economicamente arruinado, parcelando salários e deixando de pagar as contas em
razão de notória irresponsabilidade fiscal, preferiu ceder à corporação
sindical armada antes que esta decidisse revogar, por sua própria conta, o
Estado de Direito. É o caso de perguntar o que falta acontecer para que essa
situação seja considerada inaceitável.
Comentários
Francisco Lemos
Não falta nada. O Brasil nunca foi nem nunca será uma nação
de respeito. Isso aqui e terra de ninguém comandado por PCC e outras facções.
Ao povo, otario, só resta continuar a pagar os impostos mais caros do mundo,
alem de ter de pagar por fora pra planos de saúde, segurança particular, etc.…
Roberto
O Rio faliu financeiramente, economicamente e principalmente
MORALMENTE. A Rede Globo tem muita culpa nisso. Tem “especialistas” de todos os
tipos que não “perceberam” o buraco que iria ficar com a Copa e Olimpíadas. Era
só alegria e LEGADO. Eles, da Globo, imaginam que tendo carnaval, futebol e
novelas o problema do povo estava resolvido. Jornalistas da emissora só faltaram
pedir “Volta Lula”. Até entendo o CIRCO, mas agora já está faltando o PÃO.
Adilson Nagamine
Estado seqüestrador
Dex Tel
Não se vislumbra luz no fim do túnel qdo temos como:
governantes Temers Maias, Renans, Lobões, Moreiras,
Eunicios, Tóffolis, Lewandowskis, Pezões, Pimenteis...
Eunicios, Tóffolis, Lewandowskis, Pezões, Pimenteis...
Paulo Cabrini Jr.
Eu tenho fé no Brasil.
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