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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Como se faz um ministro do STF



Por Juremir Machado da Silva, 04/12/2012,
 www.Correio do Povo.com.br

Para ser ministro do STF é preciso batalhar. O ingênuo até pode pensar que o jurista mais competente disponível é indicado é pronto. Não é assim. Todo mundo sabe que Dias Toffoli foi indicado por ter sido advogado do PT. Ricardo Lewandowski contou, além do seu alto saber jurídico, com a amizade de dona Marisa, mulher de Lula, Joaquim Barbosa chegou por sua competência e por ser negro. Lula, com toda razão, queria ter um afrodescendente no Supremo Tribunal Federal. O que ninguém sabia era da luta de Luiz Fux para conseguir uma cadeira na suprema corte brasileira. A Folha de S. Paulo, no último domingo, apresentou um legítimo manual do candidato ao STF. Um constrangedor percurso do combatente. Luiz Fux ajoelhou-se diante de meio mundo.

Fux era ministro do STJ. Conhecia o riscado. Mesmo assim, saiu em campanha sem o menor embaraço. Fez uma salada russa com ingredientes brasileiros. Implorou ajuda a Delfim Neto, ex-homem forte da ditadura militar. Bateu na porta dos influentes da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP). Um desses poderosos industriais levou-o a José Dirceu. Sim, um industrial paulista conduziu o futuro juiz ao réu para que este o ajudasse a subir na vida. Fux, convenientemente não lembra quem foi o empresário. Garante também que não se lembrou na hora de que Dirceu era mensaleiro. Na sequência, o candidato ao STF, já na era Dilma, deixou o seu currículo para ser analisado pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Numa conversa com o ministro, perguntado sobre como julgaria certos casos, teria usado a expressão “mato no peito”. Situação desabonadora para todos. O ministro pede, o futuro juiz promete, a indicação ganha corpo.

Preocupado em garantir sua poltrona no STF, Fux teve vários encontros com Evanise, mulher de José Dirceu. Como essas mulheres armam nos bastidores! Ainda era pouco. Articulou-se com outro réu, o deputado João Paulo Cunha (PT). Outro petista entrou na jogada, Cândido Vacarezza, acionado pelo idôneo Paulo Maluf para alavancar a candidatura de Fux ao STF. A estratégia deu certo. Fux chegou lá depois de rezar muito. Aí, chorou. Que loucura! No julgamento do mensalão, votou contra os seus apoiadores. Mostrou autonomia. Seguiu Joaquim Barbosa em quase tudo.

Provocou o ódio dos seus amigos. Consta que até a presidente Dilma Rousseff aborreceu-se. E agora? Isso prova que o STF é uma corte política ou o contrário? Mostra que Fux é um homem virtuoso ou o oposto? Ele deveria, assim como Toffoli, ter-se declarado impedido de julgar é confiável ou um oportunista sem ética? Ou tudo isso é choro e vingança de condenados?

Isso faz pensar numa história real acontecida em Palomas. Herculano levou Aristides para morar, por algum tempo, na sua casa. Aristides não resistiu e foi para a cama com a mulher do anfitrião. Numa madrugada, foi embora com a morena na garupa do seu alazão. Questionado, num bolicho, se aquilo não era traição ao amigo, foi categórico: “O homem nunca deve perder a sua autonomia”.

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