Por Juremir Machado da Silva, 04/12/2012,
www.Correio
do Povo.com.br
Para
ser ministro do STF é preciso batalhar. O ingênuo até pode pensar que o jurista
mais competente disponível é indicado é pronto. Não é assim. Todo mundo sabe
que Dias Toffoli foi indicado por ter sido advogado do PT. Ricardo Lewandowski
contou, além do seu alto saber jurídico, com a amizade de dona Marisa, mulher
de Lula, Joaquim Barbosa chegou por sua competência e por ser negro. Lula, com
toda razão, queria ter um afrodescendente no Supremo Tribunal Federal. O que
ninguém sabia era da luta de Luiz Fux para conseguir uma cadeira na suprema
corte brasileira. A Folha de S. Paulo, no último domingo, apresentou um
legítimo manual do candidato ao STF. Um constrangedor percurso do combatente.
Luiz Fux ajoelhou-se diante de meio mundo.
Fux
era ministro do STJ. Conhecia o riscado. Mesmo assim, saiu em campanha sem o
menor embaraço. Fez uma salada russa com ingredientes brasileiros. Implorou
ajuda a Delfim Neto, ex-homem forte da ditadura militar. Bateu na porta dos
influentes da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP). Um desses
poderosos industriais levou-o a José Dirceu. Sim, um industrial paulista
conduziu o futuro juiz ao réu para que este o ajudasse a subir na vida. Fux, convenientemente
não lembra quem foi o empresário. Garante também que não se lembrou na hora de
que Dirceu era mensaleiro. Na sequência, o candidato ao STF, já na era Dilma,
deixou o seu currículo para ser analisado pelo ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo. Numa conversa com o ministro, perguntado sobre como julgaria
certos casos, teria usado a expressão “mato no peito”. Situação desabonadora
para todos. O ministro pede, o futuro juiz promete, a indicação ganha corpo.
Preocupado
em garantir sua poltrona no STF, Fux teve vários encontros com Evanise, mulher
de José Dirceu. Como essas mulheres armam nos bastidores! Ainda era pouco.
Articulou-se com outro réu, o deputado João Paulo Cunha (PT). Outro petista
entrou na jogada, Cândido Vacarezza, acionado pelo idôneo Paulo Maluf para
alavancar a candidatura de Fux ao STF. A estratégia deu certo. Fux chegou lá
depois de rezar muito. Aí, chorou. Que loucura! No julgamento do mensalão,
votou contra os seus apoiadores. Mostrou autonomia. Seguiu Joaquim Barbosa em quase
tudo.
Provocou
o ódio dos seus amigos. Consta que até a presidente Dilma Rousseff
aborreceu-se. E agora? Isso prova que o STF é uma corte política ou o
contrário? Mostra que Fux é um homem virtuoso ou o oposto? Ele deveria, assim
como Toffoli, ter-se declarado impedido de julgar é confiável ou um oportunista
sem ética? Ou tudo isso é choro e vingança de condenados?
Isso
faz pensar numa história real acontecida em Palomas. Herculano levou Aristides
para morar, por algum tempo, na sua casa. Aristides não resistiu e foi para a
cama com a mulher do anfitrião. Numa madrugada, foi embora com a morena na
garupa do seu alazão. Questionado, num bolicho, se aquilo não era traição ao
amigo, foi categórico: “O homem nunca deve perder a sua autonomia”.
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