Total de visualizações de página

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Nau dos insensatos dirigida por homem-bomba



Por Rosane de Oliveira, 10/08/2015,
www.zerohora.com.br

 Pelas manifestações dos últimos dias, os pesos-pesados da economia brasileira perceberam, enfim, que é preciso desarmar a pauta-bomba do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Desarmar significa alertar para o risco da aprovação de projetos que põem em risco a estabilidade conquistada depois de tantos anos de descontrole inflacionário.

Mesmo que o Senado, de quem se espera mais juízo do que da Câmara, pelo perfil dos seus integrantes, rejeite as propostas que ameaçam o ajuste fiscal, parte do estrago é irrecuperável. A idéia de que vale qualquer coisa para enfraquecer a presidente da República pode custar caro demais ao país.

Ao embarcarem numa nau dos insensatos, comandada por um homem-bomba, os deputados da base aliada deram combustível aos oposicionistas que querem antecipar as eleições, mesmo que até aqui não tenham aparecido indícios de crime de responsabilidade nas ações da presidente Dilma Rousseff. Ruindade e baixa popularidade não estão entre os casos em que a Constituição prescreve o impeachment como remédio.

Fomentada por adversários e considerada uma possibilidade por simpatizantes do governo, como Frei Betto, a renúncia é um ato unilateral que, em princípio, não passa pela cabeça de Dilma. Frei Betto disse temer que ela não agüente as pressões e renuncie, contrariando o discurso da própria Dilma, que na sexta-feira fez uma defesa veemente da legitimidade do seu mandato.

A semana que começa será tão ou mais tensa do que a anterior. E não é só pela proximidade da manifestação de 16 de agosto, que levará milhões de brasileiros às ruas para pedir a saída de Dilma. O discurso oficial dos porta-vozes do governo é de que as manifestações são legítimas e fazem parte da democracia, mas é evidente que o Planalto tem motivos de sobra para estar preocupado.

Ameaçado pela Operação Lava-Jato, que pode acabar com sua carreira política, Eduardo Cunha é cada vez mais associado à figura do homem-bomba, que vai para uma missão suicida, mas quer levar com ele o maior número possível de almas.

Integrante da coordenação política do governo, o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, acredita que a crise vai perder fôlego com a recomposição da base, mediante a entrega dos cargos prometidos aos partidos aliados. Para estancar a rebelião no PTB e no PDT, que se declararam independente, mas continuam ocupando espaços generosos no governo, o PT vai ter de abrir mão de feudos, alguns ocupados há 12 anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário