Eles foram avisados de tudo, mas
tramam versões para evitar impeachment ou cadeia
Por Felipe Moura Brasil, 27/02/2016,
www.veja.com.br
Passando
a limpo o que comentei de madrugada no Twitter:
1) Dilma Rousseff sabia de tudo.
VEJA revela que ela foi avisada não só por Delcídio do Amaral, mas
também por Emílio Odebrecht, por meio de Fernando Pimentel, que a Lava
Jato poderia descobrir pagamentos feitos pela empreiteira ao marqueteiro
João Santana no exterior.
A anotação de Marcelo Odebrecht “Dizer do risco conta suíça chegar à
caminha dela” confirma o que seu pai, Emílio, relatara a Pimentel.
Emílio exigiu de Dilma blindagem contra a prisão do filho Marcelo, ou
revelaria o financiamento sujo à campanha presidencial da petista.
Marcelo está preso desde junho de 2015 e nesta semana se encerra o prazo
para suas alegações finais antes de Sérgio Moro prolatar uma
sentença condenatória.
Como informa o Radar de VEJA: “Já não é monolítica no grupo
que discute a defesa da Odebrecht a convicção de que Marcelo e os demais
executivos presos não devem fazer delação premiada. O assunto foi discutido em
reuniões ao longo da semana.”
É hora de revelar tudinho.
2) Lula e Odebrecht, no entanto, continuam
tramando versões conjuntas ao menos para o caso do sítio de Atibaia.
Segundo a Folha, “representantes de Lula se reuniram recentemente com
diretores da área jurídica da Odebrecht” e “queriam saber as explicações que a
empreiteira daria na Justiça sobre a reforma no sítio freqüentado pelo
ex-presidente”.
“Na reunião estava presente também representante do engenheiro Frederico
Barbosa, da Odebrecht. Ele avisou que o profissional não pouparia mais a
empresa, como já fizera anteriormente em entrevista à Folha.”
Ou seja: estragou a versão mentirosa de Lula e Odebrecht.
Num primeiro momento, relembro, quando uma fornecedora de materiais de
construção confirmou que a empreiteira fizera a obra do sítio, a
Odebrecht alegou, com a sonsice de sempre, que “não identificou relação da
empresa com a obra”.
Depois, Frederico Barbosa admitiu à Folha ter feito a obra a mando
da Odebrecht, que foi então obrigada a confirmar.
Este blog identifica relação de Lula com a cadeia.
3) Ainda a Folha: “Uma das maiores preocupações
da Odebrecht é poupar Alexandrino Alencar, ex-executivo da empreiteira que hoje
cumpre prisão domiciliar. Ele era o elo mais estreito entre Lula e a empresa.”
Se a eventual delação de Marcelo já dá muita dor de cabeça a
Lula, a de seu companheiro de viagens Alexandrino seria mesmo fatal.
4) Lula — que faaase! — foi ironizado até pelo
advogado de José Carlos Bumlai depois que a defesa do ex-presidente no
STF atribuiu ao “seu amigo pessoal” a oferta da reforma do sítio
de Atibaia: “Só se Odebrecht for propriedade de Bumlai, o que não me consta”.
Consta, no entanto, que, se mentira tivesse propriedade, Lula
mandaria uma empreiteira pagar os royalties.
5) Defesa de Lula informou ao STF, segundo
a Folha, que Lula só soube da compra do sítio em 13 de janeiro de 2011,
depois de deixar a Presidência.
É mais um truque do homem que não sabia de nada.
Radar de VEJA lembra que:
— uma semana antes, em 6 de janeiro, o Estadão já dizia que a
mudança de Lula de Brasília seria levada para seu sítio em Atibaia;
— a mudança — inclusive 37 caixas de bebida — seguiu, de fato, para
o sítio, como mostrou reportagem de VEJA deste ano;
— a mudança — paga pela Presidência — foi entregue no dia 8 de
janeiro.
Como pode Lula só ter sabido da compra do sítio 3 dias depois de sua
mudança pré-anunciada pela imprensa ter ido para lá?
A defesa lulista insulta cada vez mais a inteligência do povo
brasileiro.
6) Como a palavra do ex-presidente não vale
nada, o MPF agora exige provas de que Lula deu palestras.
Segundo O Globo, “empresas, bancos e entidades de classe que
fizeram pagamentos à L.I.L.S. Palestras, Eventos e Publicações estão sendo
oficiadas a apresentar comprovantes dos pagamentos e da realização” de cada
uma.
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou
pagamentos de R$ 27 milhões à empresa de Lula entre abril de 2011 e maio de
2015, como revelou VEJA em agosto passado, sendo que R$ 10 milhões teriam
sido pagos por empresas investigadas na Operação Lava-Jato.
O MPF,
como mostrei aqui, já havia apontado que Lula usou
o contrato de palestras entre sua empresa L.I.L.S (iniciais de Luiz
Inácio Lula da Silva) e a Odebrecht para “dar aparência de legalidade” à
própria remuneração por tráfico de influência.
Só como “pagamento pelo êxito” em destravar a Venezuela para a
Odebrecht, por exemplo, Lula recebeu R$ 330 mil da empreiteira sob a forma de
contrato de prestação de serviço.
Luis Claudio Lula da Silva, filho do ex-presidente, entregou relatórios
de prestação de serviço copiados da Wikipédia para justificar o
recebimento de R$ 2,4 milhões de um lobista no inquérito sobre a venda de
medidas provisórias no governo do pai e da sucessora Dilma.
Melhor Lula correr para copiar umas palestras da Wikipédia também.
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