Por
Augusto Nunes, 29/01/2016,
www.veja.com.br
Em julho de 2005, com o Brasil ainda imerso na perplexidade decorrente
da descoberta da roubalheira do Mensalão, o presidente Lula revelou numa
entrevista a constatação que teria contribuído para transformá-lo num fervoroso
devoto da verdade: “A desgraça da mentira é que você, ao contar a primeira,
você passa a vida inteira contando mentira para justificar a primeira que você
contou”.
Certíssimo. Ocorre que nosso Lincoln de galinheiro sempre se lixou para
os fatos e não tem compromisso com o que diz. Nunca teve. Caso levasse a sério
a frase recitada no vídeo de 9 segundos, não teria passado a vida inteira
tentando justificar com a mentira de hoje a mentira de ontem ─ umas e outras
inventadas para safar-se de alguma bandalheira. O estoque de fantasias parece
perto do fim.
Nesta sexta-feira, depois de 24 horas de silêncio, o Instituto Lula
manifestou-se por meio de uma nota sobre a história muito mal contada que rima
sítio em Atibaia com cenário da maracutaia. Um trecho do palavrório confirma a
aflitiva escassez de álibis: “Desde que encerrou o segundo mandato no governo
federal, em 2011, o ex-presidente Lula freqüenta, em dias de descanso, um sítio
de propriedade de amigos da família na cidade de Atibaia”.
O que deveria ser um desmentido ficou com cara de confissão. Como
tantos políticos que enxergam no espelho um imbatível campeão em tudo,
o camelô de empreiteira ignorou a advertência popularizada por Tancredo
Neves: esperteza, quando é muita, vira bicho e come o dono.
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