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domingo, 14 de fevereiro de 2016

Só não vê quem não quer



Por Augusto Nunes, 24/01/2016,
 www.veja.com.br

Texto de Vlady Oliver

Tiro todos os dias uma hora em família para assistir o espetacular House of Cards, que eu recomendo. Isso porque a trama bem poderia se passar numa republiqueta qualquer de quinta categoria, mas se desenvolve no coração do mundo, no entorno do Senado norte-americano.
Imagino que, caso os excelentes redatores da coisa se debruçassem sobre o Brasil, a série avassaladora iria aproximar-se mesmo é de Lost. Lá está escancarado como são criadas as Lobos, as Rosemarys, e como servem caninamente a um projeto de poder que é um fim em si mesmo.
Barganha é o nome da coisa. Encampam a imprensa predestinada, as igrejas falantes e agentes sempre bem escondidos em suas taras marretas. É o poder em sua essência mais nefasta, olhando sempre para o próprio umbigo. Digo isso para afirmar que é um alento ver que estão chegando ao tríplex no Guarujá.
Já não era sem tempo e sem motivos, que existem de sobra. A justiça tarda, mas não demora. É essa a conclusão a que chegam seres de bem quando constatam que ainda não há políticos “espertos” devidamente enquadrados pelos crimes cometidos em doses cavalares. E o cara vai cavar uma temporada num hospital cinco estrelas para tentar fugir das algemas.
É o Brasil, meus caros. Um país relativo. Hoje é o dia de expurgar anos de servilismo, não é mesmo? Quantos idiotas úteis tentaram nos convencer que o “candidato a prêmio Nobel da vigarice” era um santo vestido com um socialismo que não para em pé? Quantos prêmios, medalhas, “honoris causa” o picareta recebeu de seus pares para parecer o que nunca foi?
Como acordam esses cretinos hoje? O partido da estrelinha na cueca tenta fugir da imagem de seus líderes rapineiros. A dona, fantástica invenção do maior vigarista que este país já viu, acorda pedetista, hehehe. Quantos mais vão se transmutar em alguma outra coisa, só para tentarem nos ludibriar por mais uma eleição?
Bem assinalado pelos antagônicos, a oposição simplesmente não existe. E se recusa a existir, visto que é a mesma coisa refletida num espelho opaco. Esquerda ser oposição da esquerda é só neste país com os dois pés virados para o mesmo lado. Tente andar com essa deficiência genética e você verá como se cai da cadeira antes dos primeiros passos.
Estou enojado. Não com o tríplex do demiurgo, asceta e apedeuta. Este eu já conhecia. O que eu ainda não conhecia são estes políticos em vôo de galinha, batendo suas asinhas curtas para saírem de um partido para outro e fingirem que são outra coisa para o eleitor, esse sempre desentendido.
Vão emergir da lama em que chafurdam novinhos em folha, com grana repatriada e ideologia renovada. E dá-lhe ouvirmos a mesma ladainha, as mesmas bolsas-miséria, os mesmos mutirões de catarata que turbinaram cada uma dessas caravanas do absurdo com o dinheiro alheio. O nosso dinheiro.
Hoje é o dia de encarar um eleitor dessa vigarice bem de frente. Olhar bem na cara daquele jornalista que defendeu essa patranha e ficar esperando uma desculpa esfarrapada para suas atitudes sórdidas e seu alinhamento nojento. Hoje é o dia de comemorar as algemas que vão ganhar esses calhordas. Pra quem queria morar num tríplex com elevador privativo, à custa dos imbecis, uma cela no Paraná até que tem seu charme.
Vocês já pararam pra pensar que vamos continuar pagando pela existência desses carcamanos em nossa sociedade exaustivamente rapinada? Por muito menos, presidentes daquela potência onde é gravado o House of Cards levaram umas balas no crânio. Que bom que o Brasil não tem dessas coisas, não é mesmo? Vigaristas.

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