Por Augusto Nunes, 24/01/2016,
www.veja.com.br
Texto de Vlady Oliver
Tiro
todos os dias uma hora em família para assistir o espetacular House of Cards,
que eu recomendo. Isso porque a trama bem poderia se passar numa republiqueta
qualquer de quinta categoria, mas se desenvolve no coração do mundo, no entorno
do Senado norte-americano.
Imagino
que, caso os excelentes redatores da coisa se debruçassem sobre o Brasil, a série
avassaladora iria aproximar-se mesmo é de Lost. Lá está escancarado como são
criadas as Lobos, as Rosemarys, e como servem caninamente a um projeto de poder
que é um fim em si mesmo.
Barganha
é o nome da coisa. Encampam a imprensa predestinada, as igrejas falantes e
agentes sempre bem escondidos em suas taras marretas. É o poder em sua essência
mais nefasta, olhando sempre para o próprio umbigo. Digo isso para afirmar que
é um alento ver que estão chegando ao tríplex no Guarujá.
Já não
era sem tempo e sem motivos, que existem de sobra. A justiça tarda, mas não
demora. É essa a conclusão a que chegam seres de bem quando constatam que ainda
não há políticos “espertos” devidamente enquadrados pelos crimes cometidos em
doses cavalares. E o cara vai cavar uma temporada num hospital cinco estrelas
para tentar fugir das algemas.
É o
Brasil, meus caros. Um país relativo. Hoje é o dia de expurgar anos de
servilismo, não é mesmo? Quantos idiotas úteis tentaram nos convencer que o
“candidato a prêmio Nobel da vigarice” era um santo vestido com um socialismo
que não para em pé? Quantos prêmios, medalhas, “honoris causa” o picareta
recebeu de seus pares para parecer o que nunca foi?
Como
acordam esses cretinos hoje? O partido da estrelinha na cueca tenta fugir da
imagem de seus líderes rapineiros. A dona, fantástica invenção do maior
vigarista que este país já viu, acorda pedetista, hehehe. Quantos mais vão se
transmutar em alguma outra coisa, só para tentarem nos ludibriar por mais uma
eleição?
Bem
assinalado pelos antagônicos, a oposição simplesmente não existe. E se recusa a
existir, visto que é a mesma coisa refletida num espelho opaco. Esquerda ser
oposição da esquerda é só neste país com os dois pés virados para o mesmo lado.
Tente andar com essa deficiência genética e você verá como se cai da cadeira
antes dos primeiros passos.
Estou
enojado. Não com o tríplex do demiurgo, asceta e apedeuta. Este eu já conhecia.
O que eu ainda não conhecia são estes políticos em vôo de galinha, batendo suas
asinhas curtas para saírem de um partido para outro e fingirem que são outra
coisa para o eleitor, esse sempre desentendido.
Vão
emergir da lama em que chafurdam novinhos em folha, com grana repatriada e
ideologia renovada. E dá-lhe ouvirmos a mesma ladainha, as mesmas
bolsas-miséria, os mesmos mutirões de catarata que turbinaram cada uma dessas
caravanas do absurdo com o dinheiro alheio. O nosso dinheiro.
Hoje é o
dia de encarar um eleitor dessa vigarice bem de frente. Olhar bem na cara daquele
jornalista que defendeu essa patranha e ficar esperando uma desculpa
esfarrapada para suas atitudes sórdidas e seu alinhamento nojento. Hoje é o dia
de comemorar as algemas que vão ganhar esses calhordas. Pra quem queria morar
num tríplex com elevador privativo, à custa dos imbecis, uma cela no Paraná até
que tem seu charme.
Vocês já pararam pra pensar que
vamos continuar pagando pela existência desses carcamanos em nossa sociedade
exaustivamente rapinada? Por muito menos, presidentes daquela potência onde é
gravado o House of Cards levaram umas balas no crânio. Que bom que o Brasil não
tem dessas coisas, não é mesmo? Vigaristas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário