Por Augusto Nunes, 19/02/2016,
www.veja.com.br
Editorial do Estadão:
Também é
com violência, chicanas e mentiras que os petistas defendem seu grande líder,
Luiz Inácio Lula da Silva, das suspeitas de que esteja ocultando patrimônio e
que se tenha beneficiado de suas relações fraternas com empreiteiros de grosso
calibre. É o que resta à tigrada, pois Lula não lhe dá alternativa: sem
conseguir elaborar uma explicação convincente para os “presentes” que recebeu
daquela turma da pesada, envolvida de corpo e alma no petrolão, o ex-presidente
prefere tratar como inimigos todos os que estão a lhe cobrar esclarecimentos, o
que explica a reação selvagem por parte dos que ainda se dispõem a segui-lo.
Não que a
atitude belicosa dos petistas seja propriamente inesperada. Não é de hoje que
gente grossa do partido prefere o caminho do confronto para intimidar aqueles
que consideram seus oponentes – e, uma vez criado o conflito, os petistas posam
de vítimas da truculência dos “inimigos da democracia”.
Foi o que
aconteceu na quarta-feira passada, quando os sindicatos ligados ao PT
arregimentaram algumas centenas de manifestantes para expressar apoio a Lula
diante do Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo. O ato fora organizado em
razão do esperado depoimento do ex-presidente e de sua mulher, Marisa Letícia,
sobre o mal explicado caso do triplex no Guarujá. O depoimento havia sido
suspenso no dia anterior, graças a uma manobra petista contra o procurador do
caso, mas mesmo assim os sindicalistas decidiram manter o protesto.
Com clara
disposição para a provocação, os petistas chamaram para a briga um punhado de
manifestantes que ali estavam para protestar contra Lula. Os apoiadores do
ex-presidente recorreram à força quando o grupo adversário tentou inflar o
famoso boneco que retrata Lula como presidiário. Considerando-se ofendidos pelo
tal boneco, os petistas fizeram de tudo para furá-lo, enfrentando não apenas os
manifestantes anti-Lula, mas os policiais que estavam tentando apartar os
grupos. A PM teve dificuldades para conter os arruaceiros.
Passado o
incidente, o PT, a despeito do que mostram as imagens, julgou-se vítima da
“política truculenta da PM comandada pelo PSDB, que resiste em conviver com o
direito democrático de manifestação”. Na mesma nota, o partido chegou ao cúmulo
de dizer que a polícia “comandada pelo governador Geraldo Alckmin” atuou “em
proteção ao boneco da imagem do ex-presidente”, o que jamais aconteceu.
Mas é
inútil esperar que os militantes petistas demonstrem alguma estima pela
verdade. Nisso agem estritamente de acordo com o manual do mestre Lula, que
ensina a mentir sem corar.
Numa de
suas mais recentes aulas de descaramento, o mandachuva do PT, quando
questionado sobre o fato de que uma operadora de telefonia camarada instalou
uma antena de celular perto do sítio que ele freqüenta como se fosse seu, em
Atibaia, mandou dizer simplesmente que “nem tem telefone celular”.
Lula
também quer que todos acreditem, conforme se lê em uma das furibundas notas
oficiais emitidas por seu instituto, que o fato de ter mandado boa parte de sua
mudança para o tal sítio quando deixou a presidência não tem nada de mais, pois
tudo foi feito “com o consentimento dos proprietários, que são amigos de Lula e
de sua família há décadas”. Aqueles que ousam desconfiar dessas e de outras
tantas explicações esdrúxulas fazem parte, segundo o Instituto Lula, “da
ruidosa guerra que os grandes meios de comunicação movem contra o ex-presidente
desde 2002”.
É assim, expressando-se em termos
que incitam seus seguidores à violência, recorrendo a manobras capciosas para não se
ver obrigado a falar a verdade nos foros adequados e esforçando-se para
inventar uma conspirata onde só há perguntas legítimas, que Lula pretende
esquivar-se de dar explicações para a incrível generosidade de seus amigos
empreiteiros, classificada por Gilberto Carvalho, seu notório escudeiro, como
“a coisa mais natural do mundo”.
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