O país tem de fazer reformas
justamente para inserir os pobres na economia e os que hoje trabalham num mundo
sem lei
Por Reinaldo
Azevedo, 12/09/2016,
www.veja.com.br
O Brasil não pode ficar refém da agenda do atraso.
Isso a que se assiste nas ruas, em número inexpressivo quando comparado com o
de brasileiros que se manifestaram em favor do impeachment, é expressão do
Brasil que olha para trás, do Brasil do atraso, do Brasil da mistificação.
O país tem uma reforma trabalhista para fazer. E
não para cortar direitos, mas para conceder direitos a milhões de pessoas que
estão na informalidade. A reação do pior sindicalismo a esse debate é, atenção
para a expressão, o berro de um leite sindical, divorciada da esmagadora
maioria do povo brasileiro.
O país tem uma reforma da Previdência para fazer.
Não! Não é para punir velhinhos. Ao contrário: é para que os idosos do futuro
tenham o que receber.
O país tem de atrair capital para a infraestrutura,
e isso implica abrir uma nova rodada de privatizações e concessões, sem as
quais o dinheiro não chega, e continuaremos mergulhados no atraso.
O país tem de cortar gastos, ou se faz isso, ou não
teremos juros a níveis civilizados, que possa permitir o crescimento
sustentável do país.
Não se está aqui a falar de uma agenda
“progressista”. Não se está aqui a falar de uma agenda “conservadora”. Estamos
apenas tratando de matemática. Esta é uma ciência da natureza. Não se gasta o
que não se tem. Ou se gasta, já que países não fecham. Mas se produzem, então,
inflação, pobreza, desemprego, recessão… Isso tudo que o PT nos deixa como
herança.
Quando os gatos-pingados do Sr. Guilherme Boulos
vão às ruas, ainda que sejam alguns milhares - em número, reitero, irrisório
quando se levam em conta o movimento que depôs Dilma e o conjunto dos
brasileiros, eles representam não o país dos desassistidos, não o país dos
humilhados, não o país dos pobres.
Ao contrário: eles estão marchando em defesa de um
regime que fez a economia brasileira recuar uma década, que nos condenou ao
atraso, que elevou a taxa de desemprego a mais de 11%, que espoliou o povo, que
quebrou a Petrobras, que nos colocou na retaguarda do crescimento no mundo e na
América Latina.
Então cumpre indagar: quem perdeu com isso? Obviamente
foram os mais pobres. Quem ganhou com isso? Obviamente, foram essas
estruturas encarquilhadas de poder.
O Sr. Guilherme Boulos, do MTST, marcha com tanta
determinação em favor do Velho Regime porque ele e seu movimento eram beneficiários
daquela ordem — ou daquela desordem. O mesmo se diga de João Pedro Stedile, do
MST, e de Vagner Freitas, da CUT.
O presidente Michel Temer tem um desafio imenso,
sim: governar para a maioria do povo brasileiro, não para meia-dúzia de
petistas e de outros esquerdistas que se alimentaram das tetas oficiais.
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