Não fomos nós que optamos pelo fim da civilidade em suaves prestações
superfaturadas
Por Augusto
Nunes, 15/10/2016,
www.veja.com.br
Texto de Vlady Oliver
Não sei não, mas acho que ando vendo palhaços
demais em minha vidinha besta. Basta uma rápida olhada na blogosfera para
sabermos que somos acossados pela terceira guerra mundial, pela gravidade do
Planeta X, pelos palhaços assombrações, pela prisão do meliante chefe da
camarilha e por outras tantas hecatombes que fariam corar a sacristia toda.
Aliás, ela mesma anda em polvorosa, mandando recados esquisitos e se recusando
a abençoar o “governo golpista”, que vai queimar no inferno se resolver cobrar
dos templos tudo o que eles devem em impostos.
Tempos esquisitos. Não sei se conta a pessoa acabar
de perder o pai e a mãe e alguém vir confortá-la afirmando que “isso passa” e
outras beatitudes e formalidades. Resumindo: não se questiona com razões,
questões de fé, da mesma maneira que não adianta apelar para o civismo e para a
cidadania, quando sabemos que estamos diante de um bando de ladrões em plena
atividade parlamentar. É do jogo, como diria o próprio presidente Temer, que
vem me ensinando algumas aulinhas de bom senso e tolerância.
Eu só acho que o abismo que nos olha tem nome, sobrenome
e endereço certo. Não fomos nós que o parimos e o alimentamos; pelo contrário.
Somos um povo até bastante tolerante com tudo o que está acontecendo no país. A
estrondosa roubalheira capitaneada por todos estes homúnculos vem merecendo uma
resposta rápida e contundente do poder público, antes que o sapato seja usado
para abater estes salafrários todos. E haja sapato.
Continuo a brandir a diferença entre uma convicção
e uma constatação. Por convicção sou contra a violência, seja ela uma sapatada,
um tiro de canhão ou toda essa vigarice institucionalizada. Por constatação, no
entanto, penso que só podemos pedir respeito às leis, às instituições, ao
governo, à sociedade e à classe política, quando estes agentes da vida pública
se fazem respeitar perante o conjunto de indivíduos a que estes deveriam
representar. O resto é guerra.
É evidente que temos que ser a turma do “deixa
disso”. Os bombeiros da nação exausta. Os “médicos sem fronteiras” dessa doença
chamada Brasil. O problema é justamente a demora das soluções. A disparidade de
versões. As avarias de julgamento. É muito bonito oferecer flores aos
combatentes, mas não somos nós que sentimos o cheiro da morte em confrontos
estúpidos. Não fomos nós que optamos pelo fim da civilidade em suaves
prestações superfaturadas. Não fomos nós que trouxemos essa guerra para o nosso
quintal. Mas ela está aí na porta, nos ameaçando o tempo todo.
Se eu precisar pegar no porrete para defender minha
casa, minha família, minha vida e minha dignidade desses párias, o farei sem
pestanejar. Não sou daqueles que oferece a outra face: só tenho uma para
oferecer. O homem é um animal sem complacência, sem compaixão e sem limites.
Entende o fim do seu território só quando começa o território do outro. Pois o
cara que transpasse a minha cerca será alvejado por um pé 43. Republicanamente.
Sem a menor dor na consciência. Só na careca. Vai encarar?
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