O policial legislativo Paulo Igor denunciou as ilegalidades na Polícia
Federal
Por Thiago
Bronzatto, Hugo Marques,
21/10/2016, www.veja.com.br
A operação da Polícia Federal que prendeu o diretor
da Polícia Legislativa do Senado, Pedro Ricardo de Carvalho, apaniguado do
presidente do Congresso, Renan Calheiros, foi possível graças a uma denúncia do
policial Paulo Igor Bosco Silva. Em uma notícia-crime enviada à Corregedoria da
Polícia Federal, Paulo Igor denunciou que a Polícia Legislativa do Senado
utilizou seu pessoal para “embaraçar diligências investigativas” da PF e do
Ministério Público Federal em relação a senadores e um ex-parlamentar graúdo
envolvidos com o esquema criminoso da Operação Lava Jato. VEJA teve acesso à
íntegra do inquérito da Operação Métis.
Paulo Igor denunciou que o diretor da Polícia do
Senado enviou equipes em julho de 2014 para encontrar escutas ambientais e
interceptações telefônicas nos endereços particulares do senador Edison Lobão
Filho e do pai dele, Edison Lobão, então ministro de Minas e Energia, nos
endereços de Brasília e de São Luís, no Maranhão. O senador Edison Lobão é
investigado por receber propina de empreiteiras envolvidas com os desvios
bilionários na Petrobras. Na capital maranhense, os policiais foram deslocados
para os escritórios da família Lobão nos bairros Olho D’Água e Quintas do
Calhau. O policial narrou à preocupação dos colegas que tinham ido a São Luís
no momento em que passaram pelos detectores de metal no aeroporto, com o
material de varredura do Senado.
As varreduras ilegais da Polícia do Senado, que
funcionavam como contra-inteligência às ações legais da PF, também foram feitas
a pedido dos senadores Ciro Nogueira, Gleisi Hoffmann e Fernando Collor de
Mello, todos investigados como beneficiários de recursos do esquema de
corrupção descoberto pela Lava Jato. Gleisi recebeu 1 milhão de reais do
esquema fraudulento administrado pelo doleiro Alberto Youssef. A varredura
preventiva em favor de Collor de Mello foi feita na “Casa da Dinda”, como é
chamada sua residência no Lago Norte, em Brasília. A equipe da Polícia do
Senado, segundo Paulo Igor, tentou impedir o acesso de policiais federais e dos
procuradores da República durante busca e apreensão determinada pelo Supremo
Tribunal Federal tanto na Dinda quanto em um apartamento funcional do senador
Collor.
O ex-senador José Sarney também foi beneficiado com
a varredura preventiva, em julho de 2015, em seu escritório particular no
Edifício Office Tower, no Setor Hoteleiro Norte de Brasília. Na época, Sarney
não desempenhava nenhum cargo legislativo. O político também é acusado de
embolsar dinheiro do esquema de corrupção descoberto pela Lava Jato. Para o
Ministério Público Federal, trata-se de uso ilegal da estrutura do Senado para
realizar medidas de contra-inteligência.
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