Entidades ligadas ao sindicalismo
mais brucutu e atrasado se mobilizam contra a MP do ensino médio. Por maus
motivos, é claro
Por Reinaldo
Azevedo, 23/09/2016,
www.veja.com.br
É impressionante.
O governo lançou a proposta de reforma
do ensino médio. E o fez por meio de Medida Provisória. Ou as coisas se davam
dessa maneira, ou nada andaria como se sabe. A razão é simples. Nos países
capitalistas — e só há sindicatos em países capitalistas, cumpre notar: organizações
sindicais existem para lutar por benefícios para seus associados. No Brasil, a
petização do sindicalismo faz com que as máquinas pensem apenas no próprio
fortalecimento.
É claro que eu apoio o projeto. E não
estou aqui a dizer algo como: “Ah, já que, com democracia, a coisa não anda,
que se vá pela ditadura”. Uma ova! A Medida Provisória é um instrumento
legítimo, observadas urgência e relevância. E essas duas coisas estão dadas.
A reação das corporações — e, ora vejam!
Do Ministério Público Federal — expõe de maneira clara a ferida: essa gente
confunde a democracia, como um valor, com assembleísmo. Ignoram que o regime
democrático também é um método de tomada de decisão. Não há ditadura maior do
que a reunião eterna, que não chega a lugar nenhum. Nem Dante imaginou um
círculo no inferno para tamanha tortura.
Mas eu entendo: para a esquerdalha e o
MPF, que se confundem (não se deixem enganar pela Lava Jato, que seria
antipetista, o que é mentira!), o projeto do governo padece de três erros
graves:
a) é simples de entender (embora de
complexa aplicação, reconheço, já digo por quê);
b) atende a uma reivindicação antiga
dos próprios setores ligados à educação: o ensino integral;
c) transfere parte das escolhas para os
estudantes.
Tudo isso torna a proposta bem mais
democrática, é evidente, do que o que temos hoje e do que o modelo que a
esquerda tem na cabeça. Eu disse “modelo”? Mas que modelo ela tem, além de
nenhum? Que modelo ela tem, além de tentar aparelhar as instâncias do Estado
com seus apaniguados?
Ineficiência
comprovada
Já fui professor. Sei do que é capaz o
sindicalismo nessa área. Está entre os mais poderosos e atrasados do país. Ora
vejam: embora sejam estruturas gigantescas e ricas, as entidades sindicais do professorado
pouco conseguiram fazer pela causa. A carreira está entre as mais mal pagas de
nível universitário.
Verdade ou mentira? Uma das categorias que menos se
beneficiam da informatização da economia e das relações sociais é justamente a
dos professores.
É lamentável que estejam vociferando
por aí contra um bom projeto só porque, afinal de contas, não saiu da mente
divinal do petismo e das esquerdas.
Atenção! Essa gente ficou 13 anos no
poder. O período coincidiu com saltos impressionantes da economia da
informação. De que maneira a educação se beneficiou disso? O ensino médio, área
em que se começou a mexer, andou para trás.
Espero que o governo saiba enfrentar a
resistência e não recue. Entidades que pensam a área, como o “Todos Pela
Educação”, e que não a vêem apenas como palco da militância sindical em favor
dos… sindicatos (!) estão apoiando a mudança.
E há mais: é espantoso que uma das
críticas dos “companheiros” aponte a suposta incapacidade de o estudante fazer
a escolha do currículo. Isso é só viés autoritário. Quer dizer que, aos 16
anos, o indivíduo está apto a escolher o presidente da República, mas seria
incapaz de saber o que é melhor para si na escola? A argumentação é vergonhosa.
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