Em depoimento à Polícia Federal,
Flávia de Oliveira Barbosa afirma que Taiguara Rodrigues dos Santos bancou até
viagem do filho do ex-presidente para Cuba
Por Thiago Bronzatto, 05/10/2016,
www.veja.com.br
1/6 Taiguara Rodrigues, sobrinho de
Lula, foi indiciado pela Polícia Federal pelos crimes de corrupção e lavagem de
dinheiro (VEJA.com/Reprodução) O empresário Taiguara Rodrigues: para funcionários do governo
e executivos de empreiteiras, ele é ‘o sobrinho do Lula’.
2/6 Dono da empresa Exergia Brasil,
Taiguara recebeu 3,5 milhões de reais da Odebrecht.
3/6 O jovem empresário teve um
enriquecimento súbito -- e passou a esbanjar uma vida de luxo, com diversas
viagens e carrões .
4/6 Interessado em expandir os seus
negócios, Taiguara Rodrigues, sobrinho de Lula, viajou para Cuba junto com
Fábio Luis, filho mais velho do ex-presidente conhecido como Lulinha.
5/6 A convite da Odebrecht, Taiguara
visita feira de negócios em Cuba promovida pela Apex (Agência Brasileira de
Promoção de Exportações e Investimentos).
6/6 Por meio de mensagens do Whatsapp,
Taiguara costumava marcar encontros secretos com o ex-presidente em hotéis no
exterior.
O empresário Taiguara
Rodrigues: para funcionários do governo e executivos de empreiteiras, ele é ‘o
sobrinho do Lula’
Em depoimento à Polícia Federal no dia 17 de agosto, Flávia
de Oliveira Barbosa, secretária de Taiguara Rodrigues dos Santos, sobrinho do
ex-presidente Lula, declarou que foi instruída a realizar saques em
dinheiro vivo. “Taiguara pedia com freqüência para a declarante sacar
dinheiro no caixa”, disse Oliveira Barbosa. “Quase todo dia a declarante ia à
boca do caixa para sacar de R$ 1.000 a R$ 1.500. Que, além disso, ia uma vez
por semana sacar por volta de R$ 5.000,00. Que quando sacava valores mais
altos, a pedido de Taiguara, ia acompanhada de José Emmanuel. Que sabe que sacava
eventualmente valores altos para TAIGUARA, mas não se recorda de valores
específicos”, afirmou.
A secretária trabalhou com Taiguara por cerca de quatro anos.
Durante esse período, ela acompanhou de perto os negócios suspeitos e o
enriquecimento extraordinário do sobrinho do ex-presidente. Segundo Oliveira
Barbosa, Taiguara costumava comprar carrões em nome da sua empresa, que recebia
dinheiro da Odebrecht. “Taiguara tinha um veículo Land Rover, cujas prestações
eram pagas pela Exergia Brasil. Que Taiguara comprou para José Emmanuel (seu
sócio) um veículo PT Cruiser, cujas prestações também eram quitadas pela
Exergia Brasil. Que, além disso, Taiguara comprou para si uma BMW e uma GLK,
veículo importado. Que Taiguara ainda comprou um Jeep Compass para sua
ex-mulher. Que as prestações de todos esses veículos eram pagas com dinheiro da
Exergia Brasil. Que Taiguara também comprou um Fiat Uno para o irmão”, disse a
secretária.
Taiguara, que mantinha fotos de Lula fixadas na parede de sua
empresa e enviava presentes de aniversário para o ex-presidente, também era
generoso com o filho mais velho do petista. Em meados de 2014, Taiguara bancou
as passagens aéreas de uma viagem para Cuba, feita junto com Fábio Luis,
conhecido como Lulinha, e seu sócio Fernando Bittar, proprietário no papel do
sítio em Atibaia, interior de São Paulo, freqüentado por Lula e investigado na
Operação Lava-Jato. Durante essa expedição, o sobrinho do ex-presidente também
alugou uma Mercedes-Benz para Lulinha e Bittar andarem para cima e para baixo
na ilha. Segundo o sócio de Taiguara, José Emmanuel, a excursão tinha como
intuito prospectar novos negócios em Cuba.
A vida de luxo de Taiguara chamava a atenção da sua
secretária. Segundo Oliveira Barbosa, o sobrinho de Lula, que costumava comprar
com “freqüência relógios de marca”, fez “reformas de luxo” tanto em seu
escritório como em sua cobertura com “piscina e jardim”. O jovem empresário
também costumava viajar com freqüência, hospedando-se em resort com diárias de
mais de 1 000 reais em Porto de Galinhas, em Pernambuco. “Se recorda de um
episódio no qual Taiguara comprou um quadro de São Jorge no valor aproximado de
R$ 5.000,00”, disse a secretária à PF. “Todo o dinheiro que financiava esses
gastos eram provenientes de remessas que vinham de Angola”, afirmou ela,
referindo-se aos contratos assinados entre Taiguara e a Odebrecht que renderam
3,5 milhões de reais para o sobrinho de Lula. “Vinha à remessa de valores de
Angola, em dólares, e após cerca de dois dias a quantia era disponibilizada na
conta da Exergia Brasil”.
O fluxo de dinheiro da Odebrecht que enchia os bolsos de
Taiguara foi interrompido após VEJA revelar em fevereiro de 2015 que o
sobrinho de Lula teve um enriquecimento meteórico no mesmo ano em que a
Odebrecht recebeu um empréstimo do BNDES para construir a hidrelétrica de
Cambambe, em Angola. “Taiguara disse que a reportagem da revista VEJA
inviabilizou os negócios da Exergia Brasil”, afirmou a secretária. “No final,
não havia dinheiro sequer para pagar funcionários”, disse Oliveira Barbosa, que
move uma ação trabalhista contra Taiguara.
Nenhum comentário:
Postar um comentário