A pérola mais recente do
pensamento imbecil é exigir carteira de motorista de quem tem microempresa
Por Augusto
Nunes, 24/10/2016,
www.veja.com.br
Texto de Vlady Oliver
Já que minha querida amiga Tina Boots faz uma
radiografia minuciosa da educação capenga deste país de Rousseaus, que tal
incluirmos no balaio nossa produção tecnológica e científica? Podemos começar
com a maldita tomada de três pinos, símbolo acabado da nossa propensão ao
ridículo. Percebam que, por trás de toda grande invenção, há sempre um
pleonástico grande inventor: um I-phone e seu Steve Jobs, uma lâmpada e seu
Thomas Edison. Mas quem é o pai dessa vigarice tupiniquim? É bastarda. Ninguém
assume a pilantragem que pariu e pregou nas paredes deste Brasil varonil e imbecil,
que não tem coragem de voltar ao bom senso.
E a “começão da verdade”, cuja “verdade” só tem um
lado? Quantos pais e mães a pariram, com o nosso dinheiro na parada? O Marco
Civil da Internet é outra bobagem, um manual de instruções de um
eletrodoméstico que não é produzido aqui, que não é operado ou desenvolvido
aqui e, mesmo assim, os caras acham que podem enquadrá-lo como um Trabant
genuinamente nacional. A lista é interminável.
O esporte predileto desses cretinos é o “tiro ao
facebuco”, modalidade que exibe bastante musculatura em cidades do interior
nordestino. Temos ainda o acelerador de Bozós de Campinas, capitaneados por
ninguém menos que o caçador de Savonarolas, Cerquinha Leite. É o irmão bastardo
da Claudinha, que também pegou uma grana fácil da viúva para provocar umas
dancinhas esquisitas em seus liderados.
Que tal o extintor que não é extinto nem com
marafa? Esse é da laia daquele acepipe indigesto, o Kassabe – não confundir com
aquela pasta verde comida pelos japoneses, que mais parece uma cocaína num
sushi – que também nos brindou com Controlares, tabuletas minúsculas em
estabelecimentos comerciais de Sampa e pracinhas de farinha, onde um cadeirante
poderia se especializar em cadeirocross.
Aliás, essa vertente do conhecimento manco é do
tempo em que todo tucano ou simpatizante começava sua administração enfiando
uma dificuldade na pauta, para vender alguma facilidade depois; lembram? Das
sacolinhas plásticas confiscadas ao capacete de moto proibido em postos de
gasolina, a tucanaiada foi pródiga em inventar a máfia do asfalto regurgitado
na via – com duração de um ano de uso -, a máfia dos semáforos, das lombadas e
por aí vai. Tecnologia bronca e marreta é o que não falta neste país, para nos
encher o saco e esvaziar nossos bolsos, sempre que possível.
Creio que a mais nova pérola do pensamento imbecil
é exigir carteira de motorista de quem tem microempresa. Nessa os caras foram
fundo que é raso. Nem eu captei vossa mensagem, amado mestre. Manda uma luz,
seu Thomas Edison. Pode ser ou tá difícil?
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