Presidente do instituto que leva
o nome do petista foi denunciado por lavagem de dinheiro pela força-tarefa da
Lava Jato
Por Reinaldo
Azevedo, 15/09/2016,
www.veja.com.br
Por Eduardo
Gonçalves, na VEJA.com:
Denunciado por lavagem de dinheiro na mesma ação de
Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto,
justificou-se nesta quinta-feira das acusações que pesam contra ele na Lava
Jato por ter intermediado o pagamento da OAS à empresa responsável por guardar
o acervo do ex-presidente. Okamotto admitiu que pediu apoio à empreiteira para
bancar o transporte e o armazenamento dos materiais, que o fez porque a
instituição estava sem recursos na época, e negou que o benefício se tratava de
propina do petrolão.
“Nós não tínhamos dinheiro. Eu realmente pedi para
OAS. Me fala qual é o crime disso”, questionou. Indagado se não via problema em
solicitar ajuda financeira a uma empreiteira que recebe milhões em contratos
com o governo federal, ele respondeu: “Qual a empresa do Brasil que não tem
nenhuma relação com o governo. Me indique uma que o governo de uma forma ou de
outra não tenha relação, ou para fazer alguma legislação ou para usar
financiamento”.
A OAS pagou por cinco anos, entre 2011 e 2016, um
total de 1,3 milhões de reais para que os pertences do acervo – todo o tipo de
presentes que Lula ganhou enquanto presidente – ficasse guardado em um depósito
da empresa Granero.
A procuradoria da Lava Jato diz que esse montante
foi quitado como “dívida de propinas” por favores obtidos em contratos da
Petrobras. Okamotto rebateu a denúncia: “Propina do quê? Para mim nunca falaram
que era propina, mas um pagamento para manter um acervo que teoricamente tem um
patrimônio cultural. Acho, inclusive, que a OAS deveria ter reivindicado a Lei
Rouanet porque é um material cultural, de interesse da sociedade”, disse ele.
Questionado sobre o motivo da escolha da OAS,
Okamotto ironizou, dizendo que qualquer empresa poderia ter feito o serviço.
“Porque foi o primeiro empresário que eu conhecia que vi ali na hora. Se fosse
a Rede Globo, podia ter pedido para a Rede Globo. Se tivesse sido o Pão de
Açúcar, seria o Pão de Açúcar. Até tentamos outras alternativas, mas não
achamos”, disse ele, que considerou as acusações da Lava Jato como “má fé” ou
“desconhecimento”.
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