A fala da menina viralizou.
Relembre outros casos nos quais as mídias digitais deram força para
reivindicações
Da
Redação, 30/09/2016,
www.veja.com.br
A pequena Zianna Oliphant, de 9 anos, moradora da
cidade de Charlotte, nos Estados Unidos, emocionou o mundo na última
terça-feira (27). A jovem falou sobre violência racial perante o Conselho
Municipal de Charlotte, após a morte de Keith Lamont Scott, de 43 anos,
assassinado a tiros por um policial enquanto esperava seu filho retornar
do colégio. A polícia acusou Scott de estar armado. A família e testemunhas,
porém, contestam a versão.
O discurso de Zianna foi gravado e o vídeo
viralizou. “É uma vergonha nossos pais e mães serem mortos e nós não podermos
mais os ver. É uma vergonha termos que passar por aquele cemitério e
enterrá-los. Nós temos lágrimas e não deveríamos ter lágrimas. Nós precisamos
que nossos pais e mães estejam dos nossos lados”, disse ela, na gravação.
Confira:
A menina ainda falou sobre os protestos que
tomaram conta da cidade desde a morte do americano: “Somos negros e não
devíamos ter que nos sentir assim. Não deveríamos ter que protestar porque
vocês estão nos tratando mal. Fazemos isso porque deveríamos ter direitos”.
No mundo, está cada vez mais comum levante que
ganham força na internet. O escritor e pesquisador americano de redes
sociais Clay Shirky falou sobre o tema em uma palestra de 2009, com o
título de Como a mídia social pode fazer história. “Essa é uma
transformação do ecossistema como um todo. Estamos cada vez mais em um cenário
onde a mídia é global, social, ubíqua e barata”, explicou.
Relembre
outros casos de protestos que tiveram ajuda das redes sociais:
Primavera Árabe (2011)
As manifestações que incendiaram o mundo árabe
no final de 2010 e começo de 2011 tiveram seu estopim na Tunísia, em dezembro
de 2010, com a auto-imolação do vendedor ambulante Mohamed Bouazizi. O caso
aconteceu após autoridades locais confiscarem o carrinho de frutas do jovem.
Desesperado, Bouazizi foi à sede do governo
regional tentar recuperar a mercadoria e, ao receber um “não” como resposta,
colocou fogo em si mesmo em frente ao prédio. As imagens do ato viralizaram e
as manifestações, organizadas principalmente por meio das redes
sociais, tomaram conta de países do Oriente Médio e do norte da África. Como
resultado, ditaduras foram derrubadas e teve início guerras civis, como a da
Síria, que perduram até hoje.
Manifestações no Brasil (2013)
Por aqui, as redes sociais tiveram papel decisivo
para a organização dos protestos de junho de 2013. Os atos começaram em
São Paulo, com o pretexto de serem contra o aumento da passagem de ônibus, mas
logo se espalharam pelo país. Os encontros eram combinados por
meio de eventos publicados no Facebook e, durante todo o mês, só se falava
disso nas redes.
Protestos na Tailândia (2013 – 2014)
No final de 2013, os tailandeses começaram a se
manifestar contra o governo da primeira ministra do país, Yingluck Shinawatra.
Mais uma vez, as redes sociais mostraram ter força na organização dos
protestos.
Na internet, os manifestantes combinavam as
reuniões e mostravam ao mundo o que estava acontecendo no país. Após sete meses
de levante, o Exército tomou o poder. Dentre as primeiras ações do governo
militar, estavam censurar os meios de comunicação e bloquear o Facebook.
Usuários, porém, driblaram a repressão e continuaram postando em
outras redes, como no Twitter.
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