Sem o tal "financiamento das
grandes empresas", teve-se a impressão de que os políticos não tiveram
bala na agulha para distorcer os fatos com visualzinho elegante
Por Augusto
Nunes, 05/10/2016,
www.veja.com.br
Texto de Vlady Oliver
Continuo a ler o que está sendo escrito por aí com
toda a desconfiança que as conclusões andam merecendo. Temos 12 milhões de
desempregados no país. Alguém aí se deu conta de que isto impacta diretamente a
abstenção eleitoral? Ou será que, entre comprar um biscoito de vento para a
família e chacoalhar num ônibus lotado em direção à zona eleitoral de sua
votação, o pobre cidadão tem alguma escolha? Democracia depende de GRANA, meus
caros.
Já para os defensores do “deixa como está para ver
como é que fica”, tenho uma péssima notícia: a impressão generalizada de que
estas eleições foram muito melhores do que as anteriores já se disseminou por
todo o eleitorado. Primeiro porque, na maioria das vezes, ganharam os
“certos”, e não os “petistas”. Depois porque não houve sujeira, santinhos e o
maldito horário eleitoral de uma hora seguida para nos aporrinhar. Não houve o
que assistir.
Sem o tal “financiamento das grandes empresas”,
teve-se a nítida impressão de que, pela falta de agenda e interesses a defender,
os políticos não tiveram bala na agulha para distorcer os fatos e as verdades
com visualzinho elegante. É lógico que, para os seres pensantes como os
que habitam este garboso espaço editorial, tudo o que estou afirmando é
relativo e sujeito à críticas. O que estou afirmando, no entanto, não são as
minhas convicções, mas as minhas impressões, baseadas no que ouvi dizer durante
o pleito e depois dele.
Como publicitário que sou, minha vontade não conta
na parada. O que conta é o que se afere. Com institutos de pesquisa avariados
pelo pensamento manco das esquerdas e cravando 18% de margem de erro no que
afirmam, fica fácil afirmar qualquer coisa, não é mesmo? O que me impressiona é
que, quanto mais o eleitorado “se endireita”, mais eu descubro as viúvas vivas
desse esquerdismo pixuleco, espalhadas por todo canto.
É por isso que demorou tanto tempo para o PT cair,
meus caros. Não é por conta do “presidencialismo de coalisão”. É por conta da
“roubocracia da comissão” mesmo. Gente até hoje fascinada pela grana distribuída
pelo PT e seus aviõezinhos de quadrilha. Gente que não tem a menor ideia de
onde essa grana veio, nem que quebrou o país, nem quantos biscoitos de vento
compraria para a família que já comemora um ano de desemprego na fila.
Eleição não é um fim em si; é um começo. Pois vamos
ver como começam os novos administradores eleitos. Desconfio que serão muito
melhores que o PT no poder e suas pedaladas nas ideias e bolsos alheios. Só
isso já conta muito. O PT só tem espaço mesmo na agenda da tevê vermelha da
platinada, junto aos “coleguinhas de luta”. Façam suas apostas, amigos. O
enterro disso aí que nós estamos vendo está próximo.
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