Num discurso espantosamente
irresponsável, a ainda presidente também diz que o Brasil está em crise por
culpa da... oposição!
Por Reinaldo
Azevedo, 16/04/2016,
www.veja.com.br
O pronunciamento da presidente Dilma
Rousseff, que acabou restrito às redes sociais depois que ela desistiu da
cadeia nacional de rádio e televisão, dá conta da loucura que tomou conta do
Planalto. Como é que esta senhora pensa governar depois caso sobreviva? A
petista repisou a ladainha mentirosa de que está em curso um golpe no Brasil e
conclamou os seus seguidores à resistência.
Uma governante que chama um processo de
impeachment regulamentado pelo Supremo de golpismo diz bem à responsabilidade
que tem. Mas isso acreditem nem foi o pior. Ela repetiu o discurso do
estelionato que a levou à reeleição e lançou, agora contra Michel Temer, as
mesmas acusações que fez contra o tucano Aécio Neves em 2014.
Afirmou a ainda presidente:
“Peço a todos os brasileiros que não se
deixem enganar. Vejam quem está liderando esse processo e o que propõem para o
futuro do Brasil. Os golpistas já disseram que, se conseguirem usurpar o poder,
será necessário impor sacrifícios à população brasileira. Com que legitimidade?
Querem revogar direitos e cortar programas sociais, como o Bolsa Família e o
Minha Casa, Minha Vida. Ameaçam até a educação pública. Querem abrir mão da
soberania nacional, mudar o regime de partilha e entregar os recursos do
pré-sal às multinacionais estrangeiras. Antes de tudo, o que move os golpistas
são os nossos acertos.”
Como se vê, no discurso de Dilma, não
houve crime de responsabilidade, e aqueles que se movimentam em favor do
impeachment estão a serviço de interesses inconfessáveis. Na reta final, no
desespero, Dilma retorna ao discurso terrorista da campanha eleitoral, quando
atribuiu ao adversário intenções que, depois, acabaram fazendo parte do seu
próprio rol de medidas.
Aquela que lidera o governo mais
criminoso da nossa história se coloca como o esteio da dignidade política. Quem
diria, não é? Enquanto ela gravava esse pronunciamento, o presidente “de facto”
do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, distribuía cargos num quarto de hotel.
Ele também gravou um vídeo em que, com a sem-cerimônia habitual, deixou claro
que, se derrotado o impeachment, será ele próprio a garantia do governo. Isso,
sim, é a mais pura expressão de um golpe.
Dilma foi adiante e atribuiu a seus
adversários práticas que só típicas das milícias que a apóiam e que ela recebe
em palácio. Afirmou:
“Para alcançar seus objetivos, estão
dispostos a violentar a democracia e a rasgar a Constituições, espalhando a
intolerância, o ódio e a violência entre nós”.
As quatro grandes manifestações em
favor do impeachment constituíram as quatro maiores da história do Brasil. Não
se registrou, à diferença do que diz esta senhora em seu discurso
irresponsável, um só ato de violência. Já os seus brucutus, ah, estes, sim,
ameaçam, intimidam, atacam e prometem conduzir o país ao caos.
Em seu discurso, Dilma praticamente
extingue os artigos 85 e 86 da Constituição. O primeiro trata dos crimes de
responsabilidade — e entendo que ela foi muito além do atentado à Lei Fiscal —,
e o segundo, do impeachment. Segundo a pensadora, a deposição de um presidente
eleito é inaceitável e pronto. Por esse caminho, os petistas precisam começar a
chamar de “golpe” o impeachment de Collor.
Esse é um discurso de guerra, não de
paz. A fala injeta veneno na sociedade brasileira e se sustenta em mentiras
óbvias. Se Dilma, para má sorte do país, sobrevive ao impeachment, tende, sim,
a conduzir o país para a desordem. E não! O caos não será provocado por seus
adversários, mas pela própria presidente e seus aliados.
Para arremate, Dilma encontrou os
culpados pela situação calamitosa do país. Leiam:
“Os derrotados mergulharam o país num estado permanente de instabilidade política, impedindo a recuperação da economia, com um único objetivo: de tomar à força o que não conquistaram nas urnas”.
“Os derrotados mergulharam o país num estado permanente de instabilidade política, impedindo a recuperação da economia, com um único objetivo: de tomar à força o que não conquistaram nas urnas”.
Entenderam? Não houvesse oposição no
Brasil, não haveria crise. Dilma superou Dilma na mentira, no estelionato
eleitoral e na truculência retórica.
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