Os pilares do que disse José
Eduardo Cardozo na Comissão do Impeachment ruíram: nunca houve nada parecido. O
crime aconteceu!
Por Reinaldo
Azevedo, 06/04/2016,
www.veja.com.br
Ninguém precisa recorrer a dados
colhidos pela oposição ou pelos autores da denúncia contra Dilma Rousseff que
tramita na Câmara para constatar a fragilidade da defesa da presidente quando
nega ter cometido crime de responsabilidade. Basta, como evidencia reportagem
da Folha desta quarta
que as pessoas examinem os dados do Banco Central. E o que eles revelam?
Nas palavras da reportagem do jornal:
“Entre 2001 e 2008, o impacto das pedaladas na dívida pública oscilou, sem
tendência definida, entre 0,03% e 0,11% do PIB (Produto Interno Bruto, medida
da riqueza nacional); a partir de 2009, o crescimento é contínuo, até chegar ao
pico de 1% do PIB.”
Referendando palavras do Tribunal de
Contas da União — Que já havia negado, ao avaliar as
contas de Dilma, a falácia de que já se tinha feito algo parecido antes —, os
números demonstram que a presidente “pedalou” oito vezes mais do quem mais
havia pedalado no passado: o próprio Lula. Em relação ao governo FHC, Dilma
bicicletou 32 vezes mais.
Para lembrar: o TCU pediu que o BC
calculasse, desde 2001, os atrasos de repasses do Tesouro para o FGTS, BNDES,
Banco do Brasil e CEF. Ao final do governo tucano, o saldo negativo era de R$
948 milhões; no governo Dilma, de R$ 60 bilhões. Se, no passado, uma diferença
ou outra podiam fazer parte de algum desajuste de natureza quase burocrática, a
partir do segundo mandato de Lula, e chegando ao paroxismo na gestão Dilma,
tratou-se de uma política deliberada.
Os dados do Banco Central provam de
forma insofismável que a pedalada não era um descuido, mas um dado de política
econômica, que servia para maquiar o déficit. O Brasil que já não conseguia
pagar suas contas foi, sim, tema da campanha eleitoral de 2014. Dilma desmentiu
com todas as letras a difícil situação fiscal do governo e, quando confrontada
com os fatos, acusava os adversários de querer cortar programas sociais.
Esses números, que vêm de um órgão
oficial do governo, desmoralizam a defesa feita por José Eduardo Cardozo num
outro aspecto: segundo o sabichão, só aponta irregularidades quem desconhece o
mecanismo das contas. É mesmo? Então ele que vá se entender com o Banco
Central. O BC, claro, nem nega nem reafirma as pedaladas; também não entra no
mérito se é crime de responsabilidade. Ele só aponta o tamanho do descalabro.
Assim, quando o governo, sua tropa de
choque e seus milicianos saem por aí a dizer que impeachment sem crime é golpe,
só nos resta dizer o óbvio: “Sim, vocês estão certos! Então não é golpe porque
o crime está aí”.
É claro que esses dados do Banco
Central nem se faziam necessários para provar o que todo mundo sabe. Mas é bom
que tenham vindo à luz, com a força adicional de que não podem ser acusados de
estar a serviço de um viés anti-Dilma.
Segundo o Artigo 85 da Constituição, um
presidente que atente contra qualquer de seus dispositivos comete crime de
responsabilidade, especialmente se tal atentado se dá contra a Lei Fiscal,
conforme estabelece o Inciso V.
Dilma que vá agora brigar com o Banco
Central. Epa! Não seria o caso de entregar o dito-cujo para um desses PQPs que
se vendem e que se compram? Talvez assim comecem a sair de lá números ao agrado
da quase ex-presidente.
O Banco Central
simplesmente desmoraliza a defesa de Dilma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário