Se o Babalorixá de Banânia se
opôs até a Itamar depois de ter ajudado a derrubar Collor, por que faria coisa
diferente agora?
Por Reinaldo
Azevedo, 14/04/2016,
www.veja.com.br
E Luiz Inácio Lula da Silva, quem diria? Promete
ser, no governo Temer, aquilo que sempre foi quando está na oposição: um
sabotador. Alguém estranha? Leio na Folha que ele já avisou a
correligionários que não vai sair da rua. Ora, não me digam! E que não tem essa
de entendimento nacional, como vai propor o futuro presidente.
Lula deveria nos contar ao menos uma novidade. Se
ele migrou para a oposição ao governo Itamar Franco, depois de ter sido um dos
líderes do movimento em favor do impeachment de Collor, por que faria algo
diferente agora, quando é o PT que está sendo impichado do poder?
E não pense que foi pouca coisa, não, o que fez o
PT contra o governo Itamar. Jaques Wagner, hoje o faz-tudo de Lula no governo
moribundo, protocolou uma denúncia pedindo o impeachment do então presidente
recém-empossado. O PT expulsou Luiza Erundina porque esta aceitou ser ministra
da Administração daquela gestão. O partido se opôs com ferocidade lupina e
asinina ao Plano Real, que acusava de prejudicar, ora vejam…, os trabalhadores.
Qual era o cálculo de Lula? Itamar faria a
transição; seria obrigado a dar uma arrumada na economia, que havia sido
destroçada no governo Collor; os petistas ficariam na oposição mobilizando as
suas bases e jogando-as contra o governo, e a eleição de 1994 lhes cairia no
colo, de bandeja, como se fosse o maná divino.
Lula só se esqueceu, então, de combinar com os
russos. Não contava com o Plano Real. Tampouco esperava que fosse dar certo.
Aloizio Mercadante e Maria da Conceição Tavares juravam que seria um desastre.
As esquerdas babavam de indignação com o que chamavam de “farsa”. Alguns
daqueles gênios estão por aí hoje, endossando abaixo-assinados contra o que
chamam “golpe”. Pois é. O Plano Real fez FHC se eleger no primeiro turno em
1994 e em 1998, feito que Lula nunca logrou — e ele não se conforma com isso
até hoje.
Agora, o Babalorixá de Banânia pretende fazer a
mesma coisa, só que com mais virulência. Promete lançar desde já a sua campanha
à Presidência da República e, mais uma vez, sabotar todas as tentativas
honestas de tirar o Brasil do atoleiro. Continuará, em suma, a ser Lula.
E, pelo visto, mais uma vez, ele vai se esquecer de
combinar com os russos.
O chefão petista não se conforma com o fato de que
a sua tentativa de transformar a República num prostíbulo oficial tenha sido
malsucedida.
Mas foi. Para o bem do Brasil.
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