O cientista político denunciou à
Procuradoria-Geral da República o modo desavergonhado como Lula e o governo vêm
oferecendo a máquina pública para conter o impeachment
Por Reinaldo
Azevedo, 06/04/2016,
www.veja.com.br
SÃO PAULO, 06.04.2016
EXMO. SR.
DR. RODRIGO JANOT
DD. PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
BRASÍLIA – DF
DR. RODRIGO JANOT
DD. PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
BRASÍLIA – DF
SR.
PROCURADOR:
Valho-me da presente para encarecer a necessidade
de uma intervenção urgente e enérgica por parte de Vossa Excelência no sentido
de coibir a compra de votos de deputados federais orquestradas e conduzida pelo
Sr. Luís Inácio Lula da Silva.
Praticada às escâncaras, em plena luz do dia, sem qualquer disfarce ou rebuço, a referida ação vem sendo amplamente noticiada pela imprensa de todo o país, não faltando sequer à informação do lócus faciendi escolhido pelo ex-presidente: o hotel Golden Tulip, em Brasília.
Que se trata de uma prática criminosa, não há
dúvida. Faz apenas três anos que o Supremo Tribunal Federal julgou a Ação Penal
470, o chamado “mensalão”, cujo objeto era exatamente o mesmo: a compra de
consciências e votos de congressistas. Daquele julgamento resultou a prisão de
vários integrantes da “organização criminosa” que a concebeu e perpetrou, alguns
dos quais continuam detidos. Não há como ignorar que o famigerado “mensalão”
aconteceu durante o período presidencial do Sr. Luís Inácio Lula da Silva.
Como bem sabe Vossa Excelência, os antigos
“coronéis” do interior nordestino tornaram-se conhecidos como os grandes vilões
de nossa história política. Mas, justiça seja feita, por execráveis que fossem
suas ações de aliciamento eleitoral, eles as praticavam com recursos próprios,
não com cargos e verbas públicas, como ocorre atualmente nas dependências do
mencionado hotel brasiliense.
A imperiosa necessidade da intervenção de Vossa
Excelência encontra-se, pois claramente configurada, de um lado, pela
jurisprudência do STF, firmada em conexão com Ação Penal 470 e possivelmente
com outras mais; do outro, pela alta conveniência – reforçada pela proximidade
da votação inicial do impeachment contra a presidente Dilma Rousseff pelo
plenário da Câmara Federal- de impedir o prosseguimento da prática delituosa em
curso, implicando inclusive a detenção preventiva de seu autor.
Sem outro particular, reitero-lhe nesta
oportunidade os meus votos de elevada estima e apreço.
Respeitosamente,
Bolívar Lamounier
Bolívar Lamounier
Nenhum comentário:
Postar um comentário