Em diálogo grampeado pela Polícia
Federal na Operação Lava Jato, Cristiane Bumlai reclama com o marido de que
"Lula declarou que nunca autorizou JCB usar o nome dele"
Por João
Pedroso de Campos, 08/04/2016,
www.veja.com.br
Uma das conversas de Maurício Bumlai, um dos filhos
do pecuarista José Carlos Bumlai, interceptadas pela Polícia Federal na
Operação Lava Jato mostra o quão insólita é a versão apresentada pelo
ex-presidente Lula de que o amigo Bumlai, homem que tinha acesso direto ao
Palácio do Planalto, não tinha autorização para falar em seu nome e
possivelmente se valeu da amizade com o petista para conseguir vantagens
financeiras.
Em diálogo com uma exasperada Cristiane Bumlai, sua
esposa, em um aplicativo de mensagens por celular em 16 de outubro de 2015,
Maurício é informado: "Viu que é cada um pra si né? Lula declarou que
nunca autorizou JCB usar o nome dele. É pra acabar, viu. Gentalha".
Lula deu a explicação, via nota do Instituto Lula,
no mesmo dia da conversa entre o casal. O ex-presidente buscava se desvencilhar
de uma revelação feita pelo operador de propinas do petrolão e lobista Fernando
Baiano em sua delação premiada.
No capítulo 11 de seu acordo de delação, o lobista
disse que, em 2012, ele e José Carlos Bumlai estavam negociando a aprovação de
um projeto junto à empresa Sete Brasil, fornecedora da Petrobras criada para
construir navios-sonda. Na ocasião, o pecuarista teria pedido ajuda "para
pagar dívida referente à imóvel do filho de Lula".
Baiano contou que o amigo do petista lhe
confidenciou que "estava sendo pressionado para resolver um
problema". Bumlai "estava sendo cobrado por uma nora do ex-presidente
Lula para pagar uma dívida ou uma parcela de um imóvel". Precisava de 3
milhões de reais para resolver o problema. O pagamento, segundo o delator,
acabou ficando em 2 milhões de reais.
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