Eugênio Aragão diz não achar a
violência “produtiva”, mas afirma que reações extremas decorrem da “lei de
Newton”. Enfim, algum no PT
Por Reinaldo
Azevedo, 05/04/2016,
www.veja.com.br
O ministro da Justiça, Eugênio Aragão,
diz bem a que veio. Não me lembro — e olhem que já acompanhava política durante
parte da ditadura — de um ministro da Justiça justificar a violência. E isso
está sendo feito debaixo do nariz das instituições e da imprensa, que parece
narcotizada e embarca agora na tese golpista, esta sim, das eleições gerais.
Num evento que discutia a segurança dos
Jogos Olímpicos, o doutor foi questionado sobre o discurso da incitação à
violência de setores contrários o impeachment, respondeu o seguinte:
“Esse tipo de discurso [de incitação à
violência] não é produtivo. Agora, claro que existem pessoas acuadas e outras
que estão acuando […]. Aí prevalece a lei de Newton: toda ação corresponde a
uma reação em igual intensidade e sentido oposto, mas nós temos que evitar isso
[…] Não é produtivo […]”.
Querem mais? Pois
não.
“Reação de quem está acuado é realmente
uma reação que está em intensidade proporcional […] A manifestação de absoluta
rejeição a qualquer tipo de afastamento através de golpe, mesmo que com
aparência de constitucionalidade, me parece um movimento legítimo”.
As palavras fazem sentido. Tome-se a
“absoluta rejeição” como sinônimo de violência. Logo, ele justifica a
violência.
Esse discurso de
Aragão é o que justifica o terrorismo, por exemplo: os palestinos se dizem
acuados pelos israelenses; os islâmicos se dizem acuados pelos
“cruzados”; os católicos do IRA se diziam acuados pelos protestantes…
Esse discurso de Aragão legitima a
tortura. Afinal, os “acuados” pela esquerda, que praticava atos terroristas,
decidiram segundo a lei de Newton. Foram lá e torturaram Dilma Rousseff.
Se havia alguma dúvida de que o governo
está disposto a tolerar a violência de seus seguidores, agora não há mais.
Notem que o ministro não acha a violência
uma coisa errada. Ele só não a considera “produtiva”.
É evidente que tem de ser objeto de um
processo de impeachment, ele também, e de ser processado.
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