Sérgio Machado só decidiu fazer a
delação premiada quando a Lava-Jato chegou a um de seus filhos, que opera em
Londres
Por Reinaldo
Azevedo, 31/05/2016,
www.veja.com.br
Pois é… Chegou a hora de a gente
recuperar, num novo contexto e com novo sentido, aquela que já é um clássico de
Fábio Júnior: “Pai, você foi meu herói, meu bandido…”. A gente percebe que, no
Brasil, os vícios vão ganhando, assim, a força de uma hereditariedade. Ainda
bem que uma nova cultura parece estar se plasmando, avessa à impunidade em
qualquer área.
Por que isso tudo? Sérgio Machado, o
gravador-geral da República, estava disposto a resistir. Ensaiou direitinho o
papel de indignado quando se tornou um dos investigados da Lava-Jato, embora
ninguém tenha levado a sério a sua indignação, nem amigos nem inimigos.
De algum modo, no entanto, estava disposto a arcar com os ossos do seu
ofício.
Ele só cedeu quando a força-tarefa
chegou a seu garoto, o seu caçula. Expedito Machado, apelidado “Did”, mora em
Londres e administra um fundo de investimentos. Biscoito fino. Não é para as
massas.
A Polícia Federal e o Ministério
Público investigam se o tal fundo é alimentado com dinheiro sujo oriundo do
Brasil. Na verdade, já chegou à conclusão de que é. E só por isso Sérgio, o
pai, decidiu botar a boca no trombone. “Did” fez o mesmo e também fechou a sua
colaboração.
Machado foi além de fazer uma simples
delação premiada. Ele resolveu ser também um alcaguete e saiu gravando geral.
Por incrível que pareça nas fitas, que vieram a público até agora, não há uma
só revelação comprometedora. Não obstante, elas já derrubaram dois ministros.
Os Lula da Silva
“Did’ não é o único. Luís Cláudio Lula
da Silva também cantarola Fábio Júnior, não é mesmo? A Operação Zelotes
descobriu que o rapaz é um portento nos negócios. De certo modo, é até mais,
como dizer?, vivo do que Fábio Luiz da Silva, seu irmão, o notório “Lulinha”.
Este ao menos tem uma empresa física, a Gamecorp, que põem no mercado alguns
produtos na área de game e TV.
Luiz Cláudio nem isso. A sua empresa de
marketing esportivo é o empreendimento de um homem só, e ele é consultor de
alguma coisa, que ninguém sabe direito o que seja. Seu único trabalho conhecido
é um “estudo” que era cópia de material encontrável na Internet.
Quem sai aos seus não degenera a casta.
Não deixa de ser impressionante que essa gente meta a família no meio das
lambanças. Sei lá, devo conservar alguns traços antigos, já superados por esses
patriotas. Penso ser muito constrangedor não esconder nem dos próprios filhos
procedimentos tão, como dizer? Heterodoxos!
Não deixa de ser também uma corrupção
da família.
Nenhum comentário:
Postar um comentário