Dilma e Lula prometeram o impossível. Blefaram. O papel de parede e os eletrodomésticos
se foram
Por Ruth de Aquino, 11/03/2016,
www.época.com.br
O sonho de Dilma é deixar explodir na
mão de qualquer outro a massa falida em que seu governo transformou o Brasil e
sair por aí de bicicleta. Só se fala de Lula. A presidente deve agradecer de
joelhos à Justiça atabalhoada brasileira, que tem desviado o foco das denúncias
contra seu governo. Dilma tentou ser populista e popular. Não conseguiu ser uma
coisa nem outra. O “dilmismo” nunca passou de um cenário provisório e
improvisado.
Um cenário falso como o do
apartamento do Minha Casa Minha Vida, adquirido pelo casal Eliel e Adriane
Silveira, em Caxias do Sul. No início, eles se sentiram num sonho. O casal foi
informado de que Dilma, em pessoa, entregaria as chaves de seu apartamento. Os
dois vibraram ao ver que seu apartamento estava mobiliado e decorado. Dilma foi
filmada com o casal. Depois da visita presidencial, a decoração foi removida.
Geladeira, fogão, televisão e máquina de lavar.
“Só não levaram o resto dos móveis
porque a gente bateu o pé e não deixou”, disse Adriane. “O tapete, disseram que
poderíamos ficar com ele, porque tinha sido muito pisado.” A Arcari
Empreendimentos retrucou que ninguém havia prometido doar nada, mas, diante da
repercussão negativa, os eletrodomésticos voltaram. “Nos avisaram que a
presidente viria e que precisaríamos ambientar um apartamento para a visita”,
explicou Francielle Arcari, do departamento jurídico da construtora. “Colocamos
até papel de parede, e vamos deixar, mesmo não sabendo quem prometeu.”
A história de Eliel e sua mulher
Adriane parece surreal, mas é a melhor metáfora para o governo Dilma. Não o
final feliz – no qual ninguém acredita, especialmente a “presidenta” e os
pobres. A história ilustra a fantasia populista brasileira. Dilma, Lula e o
marqueteiro João Santana “ambientaram” um cenário grandioso na última eleição
para inventar um país que só existia na propaganda político-partidária, sem
compromisso com o futuro da economia e da população. Blefaram. Prometeram o
impossível. Rasgaram depois até o papel de parede, os eletrodomésticos se
foram, os empregos também, o país ficou no escuro.
Dilma e Lula juntos no Meu Tríplex
Minha Vida, com fim de semana no Meu Sítio Minha Vida, tudo com a cumplicidade
e as doações de empreiteiras. As construtoras pagavam palestras, viagens e
imóveis do padrinho e, em troca, eram escolhidas para comandar os
empreendimentos furados da afilhada. Eram um pouquinho maiores do que a Arcari
Empreendimentos, aquela que botou, tirou e recolocou os eletrodomésticos na
casa de Eliel e Adriane.
O populismo é a ideologia da
ignorância. Confunde esquerda e direita, mistura promessas na mesma sopa. O
populismo se sustenta em líderes carismáticos e se alimenta da manipulação da
massa. A História tem exemplos com resultados dramáticos. O programa Sem
fronteiras, da GloboNews, analisou
ciclos de populismo no mundo e abordou alguns fenômenos atuais de ascensão e
queda. Qual a diferença entre ser populista e popular? A quem serve o
populismo, cuja retórica costuma ser o “nós contra eles”?
Donald Trump, o pré-candidato
republicano nos Estados Unidos, é o mais exorbitante populista no momento.
Quanto mais esbraveja, mais conquista a audiência e eleitores. Mesmo que seja
com palavrões. Já viram algo parecido? Trump é uma celebridade, com seus
livros, hotéis e cassinos, que fica “confortável diante das câmeras, fala como
demagogo contra imigrantes ilegais, especialmente mexicanos”, e faz parecer
simples combater o Estado Islâmico e os terroristas. A definição é de Michael
Kazin, professor de História da Universidade de Georgetown, para o Sem
fronteiras. Como muitos populistas, diz Kazin, “Trump gosta de reduzir a
política a um conjunto simples de polarizações” porque o “populismo é um
dispositivo para mobilizar o povo contra as elites”.
Na França, a populista mais popular é
Marine Le Pen, com discurso social e nacionalista de direita, contra a
imigração. Na América Latina de populistas de esquerda como Juan Perón e
Getúlio Vargas, o movimento tem caído em desgraça – na Venezuela, no Equador,
na Argentina, na Bolívia e no Brasil.
“O populismo, quando surge, permite
acentuar o que a democracia tem de positivo e de negativo. Se o populismo se
consolida, é um sintoma de que havia gente que não se sentia representada. Pode
criar, assim, fenômenos de inclusão social importantes”, disse ao jornalista
Silio Boccanera, da GloboNews, o uruguaio Francisco Panizza, professor de
política da London School of Economics e autor do livro Populismo e o
espelho da democracia.
“Mas também há populismos
extremamente destrutivos que levam a uma completa polarização social e a um
conflito social muito difícil de resolver.” É, no mínimo, um alerta para este
domingo 13.
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