Sérgio Machado e o quarteto
insaciável não teriam feito o que fizeram sem a bênção da dupla de protetores
de delinqüentes
Por Augusto
Nunes, 19/06/2016,
www.veja.com.br
Todas as figuras citadas nos depoimentos de Sérgio
Machado, sem exceção, devem ser incluídas na devassa conduzida pela Lava Jato.
Se comprovada a veracidade da acusação, os culpados serão punidos. Caso
contrário, o acordo de delação não terá validade e Machado vai envelhecer na
cadeia. Simples assim. Nenhum meliante da classe executiva está fora do alcance
da ofensiva apoiada irrestritamente pelo país que presta.
Brasileiros decentes não têm bandidos de estimação.
Não se prestam ao papel de coiteiro desempenhado por Lula e Dilma Rousseff com
muita aplicação e notável desfaçatez. Em 2003, a pedido de Renan Calheiros, o
ex-senador cearense foi premiado por Lula com a presidência (e o cofre) da
Transpetro. Nos anos seguintes, até as bombas dos postos de gasolina se
assombraram com a roubalheira consumada por Machado em sintonia com os chefões
do PMDB — sempre sob a proteção do Planalto.
Mantido no emprego por Dilma, o notório vigarista
seguiu depenando em sossego o assalto à subsidiária da Petrobras. Deu no que
deu. Os principais beneficiários das ladroagens descritas pelo delator foram os
senadores José Sarney, Romero Jucá, Renan Calheiros e Edison Lobão, que
acertaram com Lula o casamento do PT com o PMDB. Os casos de polícia
protagonizados por Machado e por quatro vorazes pais da pátria não ocorreram
depois da posse de Michel Temer, mas nos 13 anos de hegemonia da organização
criminosa disfarçada de coligação partidária.
José Sarney, por exemplo, voltou a presidir o
Senado por vontade de Lula, que retribuiu os bons serviços prestados pelo
antigo dono do Maranhão com um título honorífico — Homem Incomum — e operações
de socorro que mantiveram no cargo (e em liberdade) um prontuário de bigode.
Romero Jucá foi ministro da Previdência e depois líder do governo Lula no
Senado. Renan foi discípulo do palanque ambulante até virar conselheiro de um
poste. Edison Lobão foi ministro de Minas e Energia da supergerente de araque.
Tão minucioso ao relatar bandalheiras envolvendo
integrantes dos partidos que hoje se opõem ao PT, Machado evitou detalhar
episódios de que participaram os principais responsáveis por sua longa
temporada à frente da Transpetro. Mesmo assim, a revelação mais relevante está
na soma dos depoimentos: conjugados, eles escancaram a paternidade da gangrena
que consumiu durante 12 anos esse braço da estatal petroleira.
Como todos os participantes do maior esquema
corrupto da história, Machado e o quarteto insaciável não teriam feito o que
fizeram sem a bênção militante de Lula e Dilma. Todos roubaram impunemente
graças aos dois coiteiros de meliantes. O resto é conversa de quadrilheiro
apavorado com a expansão da República de Curitiba.
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