Por
Augusto Nunes, 22/06/2015,
www.veja.com.br
O bando reunido em Salvador para o congresso
nacional do PT não parou de chorar a ausência forçada do companheiro João
Vaccari Neto. (O avô do gatuno, por sinal, não merecia ser lembrado assim, mas
isso é assunto para outro post. Voltemos aos surtos de saudade provocados pelo
tesoureiro nacional do partido engaiolado em Curitiba por estar envolvido até o
pescoço na roubalheira do Petrolão).
Na foto acima, o clima de velório é escancarado
pela cara de viúva inconsolável dividida por José Nobre Guimarães, Lula,
Fernando Haddad, Jaques Wagner e Fernando Pimentel. Trocando figurinhas falsas
e caprichando no sorriso de inimigo íntimo, Dilma Rousseff e Rui Falcão parecem
destoar do espetáculo da tristeza.
O equívoco seria desfeito minutos depois, quando
ambos engrossaram com especial entusiasmo a salva de palmas que pranteou por
três minutos seguidos a memória do amigo Vaccari, confiscado semanas antes pela
Operação Lava Jato. Naquela mesa está faltando um, berra a imagem da perda
irreparável.
Estão faltando pelo menos dois, corrige a foto
acima, que eterniza um dos muitos momentos festivos do encontro promovido pelo
PT em dezembro de 2013. Clique no círculo e veja os rostos ampliados da dupla
de meliantes: ao lado de Vaccari, braço direito erguido, vibra o companheiro
André Vargas, então uma estrela ascendente da sucursal paranaense do
ajuntamento dos fora-da-lei disfarçados de guerreiros do povo brasileiro.
(“Nossos valores são eternos”, jura a inscrição
providenciada pelos cenógrafos da reunião que em qualquer país sério só
ocorreria na clandestinidade. Depende, condiciona a inflação cada vez mais obesa.
Pelo menos os valores em dinheiro amealhados pela turma só serão perenes se
depositados nos poucos paraísos fiscais ainda fora do alcance do FBI. Feita a
ressalva, voltemos ao larápio que antes de ser desmascarado desafiava até
presidentes do STF).
Vice-presidente da Câmara dos Deputados,
ex-vice-presidente de Comunicação do PT, Vargas sonhava com o comando do Poder
Legislativo quando foi pilhado pela Polícia Federal voando de graça em jatinhos
do parceiro Alberto Youssef. Era só a ponta do iceberg imenso e malcheiroso,
sabe-se agora. André Vargas e Vaccari hoje descansam no mesmo xilindró. Mas
apenas o tesoureiro foi homenageado na Bahia.
Isso não vai ficar assim, avisam parentes do
esquecido. Pelo andar da carruagem, gente graúda que aparece nas duas imagens
não demorará a ser transferida do retrato para uma cela em Curitiba. Quando
estiverem todos juntos na cadeia, Vargas vai querer saber por que só ele foi
enterrado sem choro nem vela.
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