Por Augusto Nunes, 18/03/2016,
www.veja.com.br
“O rapaz foi preso e eu não tô
vendo nenhum protesto contra liberdade de expressão, não tem nada contra a
liberdade de expressão de um rapaz que estava colocando a nu”, enrola-se Lula
no começo do palavrório. Ele fora convidado para estrelar a festa de
aniversário do PAC. Mas resolveu comemorar o barulho provocado pelo escândalo
Wikileaks . “O rapaz”, cujo nome o orador desconhece, é Julian Assange,
responsável pela divulgação de documentos secretos sob a guarda do governo dos
EUA.
A papelada continha informações e análises
especialmente constrangedoras, embaraçosas ou desastradas. Feliz com o escândalo
que deixara a Casa Branca mal no retrato, o palanque ambulante baixou outra
instrução para a afilhada: “A Dilma tem que saber e falar pro seu ministro, se
não tiver o que escrever, não escreva bobagem, passa em branco a mensagem”. “E
aí aparece o tal do"… Estacionado
nas reticências, olha para trás em busca de socorro. Ouve vozes que se
atropelam e enfim descobre o que procura: “Wikileak”, aproveita para
guilhotinar o s.
“E prenderam o rapaz e eu não ouvi um ato de protesto”, segue em frente à
lengalenga. “Se ele leu, é porque alguém escreveu. O culpado não é quem
divulgou, o culpado é quem escreveu. Portanto, ao invés de culpar quem
divulgou, culpem quem escreveu a bobagem, porque senão não teria o escândalo
que tem”. Troque “bobagem” por “conspiração criminosa”, “tramóia contra o
Estado Democrático de Direito”, “coisa de bandido”, algo assim ─ e o vídeo pode
ser apresentado como uma manifestação de apoio de Lula ao fim do sigilo
determinado por Sérgio Moro.
Graças à divulgação dos diálogos entre numerosos meliantes, o Brasil
agora conhece o modus operandi, a alma safada, o vocabulário repulsivo, a
cabeça deformada e o caráter obsceno dos quadrilheiros envolvidos no maior
esquema corrupto de todos os tempos. Como ensinou o Mestre a seus discípulos, quem
divulgou o escândalo não tem culpa alguma a expiar. Os culpados são Lula e seus
comparsas.
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