Dissimulado, chefão do MTST tenta
fazer de conta que não tem nada a ver com a barbárie de esquerdistas que gritam
“Fora Temer”
Por Reinaldo
Azevedo, 03/09/2016,
www.veja.com.br
Guilherme Boulos, o chefão do MTST e da
Frente Povo Sem Medo — pergunta: medo de quê? Da lei? —, é covarde e
dissimulado. E, tudo indica, está com medinho. Já vou dizer por quê.
Os protestos que têm degenerado em
violência contam com a participação de sua turma, mas, à reportagem da Folha, ele diz não
ter nada com isso e, ora vejam! Afirma não apoiar tal prática. É mesmo? E como
explicar a presença dos black blocs nos protestos? Ele tem uma saída retórica:
comparecer é diferente de organizar. Ah, bom!
O MTST pode pôr fogo em pneus, fechar
avenidas, impedir o direito de ir e vir. Mas violentos? Ah, não! Isso não!
Boulos é um profissional da agitação.
Então ficamos assim: ele estimula o pega pra capar, abusa da retórica violenta,
incita o confronto e fornece a mão de obra. Quando o pau come, ele não tem nada
com isso. É medo!
A depender da proporção que tomem os
atos violentos e de sua gravidade, Boulos e seus amigos podem ser enquadrados
na Lei 12.850, que define “organização criminosa”, a saber: “Considera-se
organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas
estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que
informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de
qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas
sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional”.
Brasileiros favoráveis ao impeachment
de Dilma realizaram em 2015 e 2016 as maiores manifestações da história do
país. Não havia mascarados. Não houve um só ato de violência. E aquelas eram
manifestações de oposição ao governo de então, como são as de agora, em que a
pancadaria é a rotina.
Boulos tenta se livrar do enquadramento
em organização criminosa na conversa com a Folha, mas condescende com os black
blocs. Referindo-se aos mascarados, diz o chefão da milícia: “Nós entendemos
que eles não foram os principais responsáveis pelo confronto, e sim o excesso
da PM”.
Entenderam? Não fosse “o excesso da
PM”, os black blocs não seriam violentos.
Dissimulação e covardia.
Chegou
a hora
Consta que o governo federal vem
acompanhando de perto os protestos. É prudente. Avalia-se que podem perder
força. Depende. As esquerdas vão querer incendiar o país quando se for debater,
por exemplo, reforma da Previdência. Qual é o meu ponto? É evidente que
protestar é parte da democracia. Seguindo-se as regras da civilidade, que as
pessoas digam o que querem e o que não querem.
Mas a violência não faz parte do jogo.
E não digo aqui nada diferente do que disse em 2013, quando Dilma estava na Presidência
da República, e seu governo era um dos alvos da barbárie. Defendi, então, que
se apelasse, se necessário, à Lei de Segurança Nacional, que continua em vigor.
Ela serve para Boulos também, não custa lembrar, a depender de sua disposição
de violar o pacto democrático.
Uma democracia conversa com quem quer
conversar e manda para a cadeia quem quer quebrar, depredar, pôr em risco a
segurança coletiva.
O governo tem de usar de todos os
instrumentos que estão ao seu alcance, dentro das regras do jogo, para
assegurar a lei e a ordem, pressupostos da liberdade de cada um — e de todos —
dizer o que pensa.
Se Boulos insistir em fraudar a
civilidade, existem para contê-lo a Lei 12.850, a que define organização
criminosa, e 7.170, a Lei de Segurança Nacional.
“Ah, você está querendo criminalizar os
movimentos sociais.” Eu não! Movimento social não joga bomba, não depreda, não
ameaça. Eu só estou querendo criminalizar os criminosos.
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