O ex-presidente Lula é acusado
pelo Ministério Público Federal de fazer tráfico de influência a favor da
empreiteira, que concentrou 82% dos empréstimos do BNDES para empreendimentos
fora do país desde 2006
Por Sergio
Praça, 03/06/2016,
www.veja.com.br
O Tribunal de Contas da União (TCU) divulgou
ontem um número estarrecedor. A empreiteira Odebrecht, investigadíssima na
Operação Lava Jato, recebeu 81,8% de todos os empréstimos feitos pelo
BNDES para
obras no exterior nos últimos dez anos. É um total de US$ 31.7 bilhões.
Fazendo um cálculo bastante conservador, com o
dólar cotado a R$ 2,50 (hoje está mais para R$ 3,6), foram R$ 79 bilhões – ou
R$ 7.9 bilhões por ano. Para apenas uma empresa. Dá mais ou menos 4,5
ministérios da Cultura, usando os dados de 2015.
O que pode justificar tanta generosidade para essa
empreiteira? Bom, talvez os projetos no exterior exijam mais capacidade técnica
das empresas, coisas que só uma Odebrecht ou Andrade Gutierrez pode fazer por
você. Talvez seja porque vários presidentes brasileiros “vendam” o Brasil no
exterior desde sempre, inclusive para regimes pouco democráticos como o angolano e cubano. Talvez porque o ex-presidente Lula tenha
feito tráfico de influência em favor da Odebrecht, conforme acusação do Ministério Público Federal.
Uma série de reportagens da Brio Media – intitulada
“A mão invisível do BNDES na América Latina” – mostra como o banco
público brasileiro investiu pesadamente em obras inviáveis e corruptas em
países como a Venezuela e Equador. (Esta
reportagem de
Consuelo Dieguez mostra, especificamente, o impacto deletério dos erros do
BNDES na indústria naval.
A CPI que investigaria o BNDES terminou em fevereiro deste ano sem pedidos de indiciamento, apesar de
fortes indícios de crimes. Não adianta esperar investigações sérias dos
parlamentares. Agora, só os procuradores, policiais federais e servidores da
ex-CGU conseguem responsabilizar políticos e empresários por atos corruptos.
Quem sabe, com a delação de Marcelo Odebrecht, os brasileiros sejam informados
dos “malfeitos” cometidos pela instituição comandada, até outro dia, pelo
economista Luciano Coutinho.
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