A imprensa precisa parar de mentir aos brasileiros
Por Reinaldo
Azevedo, 05/09/2016,
www.veja.com.br
O Brasil já assistiu a algumas
conjurações. Houve a revolta dos Mascates, a dos Emboabas, a Conjuração
Mineira, a Conjuração Baiana… Estamos assistindo, de forma inédita, à Revolta
dos Ladrões. Que coisa fabulosa! Os que hoje estão indo às ruas, abusando de
todos os rigores da violência, para falar “contra o golpe” e em favor das
“Diretas Já”, emprestam uma roupagem política à defesa de um modelo que
assaltou o provo brasileiro; que quebrou a maior empresa do país, fazendo-a a
mais endividada do mundo; que nos jogou numa recessão inédita, que nos fez
recuar em mais de década em vários indicadores; que elevou o endividamento a
alturas insuportáveis, que, em suma, quebrou o Brasil.
E tudo isso para quê? Para, como dizem
em sua fantasia autocomplacente, “libertar o povo brasileiro”? Para lhe
garantir melhores condições de vida? Para ver nas ruas uma população soberana e
senhora de si? Uma Ova! Tratava-se apenas da construção da chamada hegemonia
política. Seguindo a tradição da esquerda, os iluminados criaram o aparelho
partidário e decidiram que ele substituiria a sociedade. Opor-se a ele, nesse
modelo, correspondia a opor-se ao Brasil.
Para realizar tal desígnio, os petistas
juntaram-se à escória das elites tradicionais e decidiram ser usuários de todas
as safadezas do sistema político com as quais juraram que iriam acabar.
Não por acaso, nas eleições, Lula e
Dilma atribuíam a seus adversários as piores e mais oblíquas intenções. Eles
eram os monopolistas do bem e dos bons sentimentos, não é assim? Agora,
tragados pelas ruas, pelas leis e pela Constituição, gritam “golpe” e saem por
aí pregando soluções mirabolantes.
Mentem, como sempre, de forma
determinada ao afirmar que se opõem à violência. Não! A violência lhes é útil
porque podem se fingir de heróis na luta contra a polícia, como se ainda
estivessem enfrentando alguma força ditatorial.
O pior papel, nesse caso, cabe mesmo a
amplos setores da imprensa, que se negam a chamar as coisas pelo nome e, ao
agir assim, não reconhecem também eles; os fundamentos de uma sociedade
democrática e de direito.
É um absurdo que os atos violentos que
se seguem aos protestos sejam considerados, como é mesmo? Coisa de vândalos. O
senhor Guilherme Boulos conta com a sua tropa de choque para elevar a
temperatura das ruas, literalmente. Seus incendiários são parte da equação.
Tanto é assim que não o vemos a censurar os black blocs. Ao contrário: ele
prefere atacar a Polícia Militar.
Mais: onde está a Dilma que convocou a
resistência? Onde está Lula, que convocou a resistência? Onde está o PT? Ora,
estão assistindo à pancadaria, na aposta de que esta possa lhes ser, de algum
modo, útil. Quando menos, pode elevar o partido ao menos um tantinho da
indigência eleitoral a que lhe relegará o povo brasileiro neste 2016.
Não são apenas bandidos! São também
oportunistas.
Eles têm claro que uma reversão do
quadro se afigura impossível. Já se mobilizam contra as reformas que estão por
vir. O Brasil do atraso, do corporativismo e do estatismo supostamente piedoso
constitui a seiva de que se alimenta o PT.
Mas o Brasil já os venceu uma vez e vai
vencê-los de novo.
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