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domingo, 25 de setembro de 2016

Quem quer acabar com a Lava Jato?



Os petistas ora criticam uma suposta perseguição da operação, ora denunciam a suposta vontade do PMDB de acabar com ela

Por Sergio Praça, 28/04/2016,
 www.veja.com.br

É animadora a notícia de que Michel Temer descarta o advogado criminalista Antonio Claudio Mariz de Oliveira para seu ministério. Mariz havia sido cogitado para o Ministério da Justiça. Mas perdeu a chance após críticas na imprensa sobre suas ressalvas com relação à Operação Lava Jato.

Talvez seja otimismo demais afirmar que a Lava Jato é irreversível. Sem dúvida a operação já fez história no combate à corrupção no Brasil, mas ainda há peixes grandes a colocar no aquário: Eduardo Cunha (PMDB), Renan Calheiros (PMDB) e blogueiros pagos com dinheiro desviado da Petrobras são alguns exemplos. Para que isso aconteça, a Polícia Federal e o Judiciário precisam de apoio político contínuo.

PMDB, PP e PT desejam que a Operação Lava Jato não tivesse começado? Sem dúvida. Vários de seus integrantes estão na cadeia (ou bem próximos dela) por conta das investigações conduzidas de modo independente pela Polícia Federal e Ministério Público Federal.

Mas não há, por enquanto, elementos suficientes para imputar ao PMDB iniciativas para frear a Lava Jato. Quanto ao PT, há sim. São pelo menos três: a pressão para que um ministro do STJ ajudasse a soltar Marcelo Odebrecht,

Em sua delação, o senador Delcídio do Amaral (PT) revelou que a presidente Dilma Rousseff e o hoje Advogado-Geral da União José Eduardo Cardozo pressionaram-no para pleitear que Marcelo Navarro, ministro do STJ, ajudasse a soltar os empreiteiros Marcelo Odebrecht e Otávio Azevedo. (Navarro foi voto vencido.)

As escutas telefônicas autorizadas pelo juiz Sérgio Moro mostram o ex-presidente Lula querendo contato com Rosa Weber, ministra do Supremo Tribunal Federal. Rosa foi a relatora do pedido do ex-presidente para ser nomeado ministro da Casa Civil. Em conversa com seu advogado Roberto Teixeira, Lula sugere que Jaques Wagner fale com a presidente Dilma sobre a ministra do STF. Alguns dias depois, Wagner ouve o pedido do próprio ex-presidente. (Rosa Weber indeferiu o pleito de Lula.)

Por fim, o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão iniciou sua brevíssima gestão criticando “vazamentos” da Polícia Federal, prometendo punição aos delegados. Teve que voltar atrás depois de pressão da imprensa e da burocracia.

Não param juntas de pé, portanto, afirmações como a do deputado federal Afonso Florence (PT-BA), para quem a Operação Lava Jato é “ilegal e política” e a de militantes e dirigentes do PT  para quem “o PMDB quer acabar com a Lava Jato”.

Ora, se a operação é ilegal e persegue o partido, os petistas deveriam agradecer qualquer esforço (ainda não visto) do vice-presidente Michel Temer (PMDB) nesse sentido.

Uma pesquisa da Ipsos obtida com exclusividade mostra que apenas 38% dos brasileiros (eram 46% em janeiro) acreditam que a Lava Jato “vai acabar em pizza”. E 75% acham hoje que a operação “pode ajudar a transformar o Brasil em um país sério”. Eram 53% em janeiro. Além disso, 66% dos respondentes acham que a Lava Jato “está investigando todos os partidos”.

Muitos petistas podem discordar, mas a verdade é esta.

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