A desvairada tese do “golpe” só
sobrevive na boca dos incautos, dos intelectuais e artistas divorciados da
realidade, dos chefes de Estado bolivarianos e dos petistas destituídos das
preciosas boquinhas federais
Por Augusto
Nunes, 04/09/2016,
www.veja.com.br
Editorial do Estadão
A campanha de desinformação liderada pelo
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pela presidente cassada Dilma Rousseff
e por seus simpatizantes mundo afora, a título de denunciar um certo “golpe” no
Brasil, foi amplamente desmoralizada por Estados Unidos, China e Argentina. Os
governos americano e chinês, que lideram a economia global, e o governo da
Argentina, principal parceiro comercial do Brasil na América do Sul, trataram
de reconhecer Temer como presidente de fato e de direito, e com a nova
administração brasileira pretendem tocar a vida adiante.
Assim, a desvairada tese do “golpe” só sobrevive na
boca dos incautos, dos intelectuais e artistas divorciados da realidade, dos
chefes de Estado bolivarianos e dos petistas destituídos das preciosas
boquinhas federais.
Logo depois do desfecho do impeachment e da posse
de Temer, segundo informou o Palácio do Planalto, o secretário de Estado
americano, John Kerry, enviou mensagem ao novo presidente dizendo que os
Estados Unidos confiam na manutenção do forte relacionamento com o Brasil.
O porta-voz do Departamento de Estado americano,
John Kirby, em entrevista coletiva, informou que, no entender do governo
americano, tudo se deu “de acordo com o ordenamento constitucional do Brasil”.
Questionado por um repórter fiel à versão do “golpe”, que lhe perguntou mais de
uma vez se o governo americano não tinha mesmo nenhuma preocupação a respeito
do impeachment, Kirby foi enfático: “Esta é uma questão interna do Brasil, e eu
acho que você deveria procurar as autoridades brasileiras para colher
informações sobre o assunto. E nós acreditamos que as instituições democráticas
do Brasil atuaram de acordo com a Constituição”.
Na China, onde acontece à reunião do G-20, Temer
foi recebido pelo presidente Xi Jinping. Num encontro de 40 minutos, o líder
chinês expressou o desejo de fazer diversos negócios com o Brasil. Qualificou
Temer como “amigo”.
Por fim, o governo da Argentina, que já havia
respaldado o governo interino de Temer, expressou seu respeito pela decisão do
Congresso de destituir Dilma e reafirmou sua “vontade de continuar pelo caminho
de uma real e efetiva integração, no marco do absoluto respeito aos direitos
humanos, às instituições democráticas e ao direito internacional”. Outros
países sul-americanos, como Peru, Chile e Paraguai, foram na mesma linha.
Já o Equador, a Bolívia e a Venezuela, países
governados por autocratas inspirados na cartilha antidemocrática chavista,
convocaram seus embaixadores no Brasil – uma dura medida diplomática – em
protesto contra o desfecho do processo de impeachment, que eles chamam de
“golpe parlamentar”. Para Nicolás Maduro, responsável pela transformação da
Venezuela em um inferno, “esse golpe não é apenas contra Dilma Rousseff, é
contra a América Latina e países do Caribe, é um ataque contra os movimentos
populares, progressistas, contra os partidários das ideias de esquerda”.
Enquanto isso, Lula, provavelmente consciente de
que as principais potências mundiais e os mais importantes parceiros regionais
do Brasil já reconheceram o governo Temer, tenta desesperadamente angariar
ainda algum apoio internacional. Ele enviou uma carta a governantes e
ex-governantes com quem se relacionou quando foi presidente, na qual diz que o
impeachment não passa de uma ação das “forças conservadoras” para “impedir a
continuidade e o avanço do projeto de desenvolvimento e inclusão social
liderado pelo PT”. Nem é o caso de perder tempo com as inúmeras mentiras do
texto. O que importa é notar que a carta se presta a denunciar a perseguição de
que Lula se diz vítima, pois está claro, a esta altura, que está chegando o
momento em que o chefão petista terá de prestar contas de suas maracutaias à
Justiça.
Ao fim e ao cabo, parece mesmo não haver
alternativa a Lula e a seus colegas latino-americanos inimigos da democracia –
não por acaso os únicos a defender Dilma – senão esperar que o mundo seja
acometido de um surto de ingenuidade e lhes dê ainda algum crédito.
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