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quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Lewandowski foi promovido a panfleteiro do PT e a desordeiro do país



Decisão esdrúxula de ministro faz dele um mero esbirro das táticas do partido

Por Reinaldo Azevedo, 05/09/2016,
www.veja.com.br

Ricardo Lewandowski, ainda presidente do Supremo, deve estar muito contente com a sua obra, não é mesmo? A manifestação relativamente robusta deste domingo, em São Paulo, que contou até a com a participação do investigado Lindbergh Farias (PT-RJ), certamente agregou alguns milhares depois que o preclaro, rasgando a Constituição, fatiou o julgamento. A decisão serviu para manter os direitos políticos de Dilma Rousseff.

Ora, para quem não conhece suficientemente o riscado, sobrou à seguinte constatação: “Se cassam a mulher, mas mantêm os seus direitos, então vai ver ela não cometeu o crime não é? Vai ver existe mesmo uma arquitetura golpista…”.

O fatiamento serviu para alimentar a mentira de que Dilma não cometeu falta nenhuma e só foi derrubada “pelo conjunto da obra” — e não que o conjunto da obra não merecesse mesmo derrubá-la. Ocorre que isso é mentira. Ela caiu porque cometeu crime de responsabilidade, mas não é menos verdade que este, por si, seria incapaz de levá-la ao impeachment. Ele foi mandado pra casa também porque destroçou a economia do país.

É claro que o arranjo foi feito numa combinação entre PT, Lewandowski e setores do PMDB — que forneceu 10 votos (8 contrários à inabilitação de Dilma e 2 abstenções). Acho razoável que se infira que não havia como o presidente Michel Temer não saber. Afinal, quem é a figura hoje mais poderosa? O presidente ou Renan Calheiros, apontado como um dos principais operadores da maracutaia? Por que senadores serviriam a Renan, não a Temer?
As perguntas são boas, mas, até onde consegui saber, não há evidências de que Temer tenha participado da decisão. Até porque haveria de se perguntar por quê. O adensamento dos protestos, dado o novo fato, eram favas contadas, não é mesmo? Com essa nova realidade, as esquerdas podem tentar subestimar os crimes cometidos pelo governo petista, fazendo de conta que nunca existiram, e brincar de pobre perseguido pelo regime.

E, como já adverti aqui, cumpre ficar de olho em Lewandowski, sim! Afinal, José Eduardo Cardozo, em uma das ações contra o impeachment, o havia feito a autoridade impetrada — o que o impediria de julgar o caso mais tarde. Eis que o advogado de Dilma, do nada, retificou o documento e excluiu o nome do ministro. Vale dizer: se ele quiser, ele pode votar.

A gente já sabe que o homem não tem limites, certo?

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