Segundo os procuradores federais
de Curitiba, Lula foi o “comandante máximo” do maior assalto ao erário da
história republicana
Por Augusto
Nunes, 14/09/2016,
www.veja.com.br
Texto de Sílvio Navarro
Na tarde de 1º de janeiro de 2003, uma quarta-feira
ensolarada em Brasília, o país parou para acompanhar o primeiro discurso do
metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva como presidente da República. Cercado por
chefes de Estado e parlamentares, Lula falou durante 44 minutos em tom emocionado.
Num dos trechos, a voz embargada foi sublinhada pelo timbre professoral: “O
combate à corrupção e a defesa da ética no trato da coisa pública serão
objetivos centrais e permanentes do meu governo”, prometeu. “É preciso
enfrentar com determinação e derrotar a verdadeira cultura da impunidade que
prevalece em certos setores da vida pública”. Foi ovacionado.
Na tarde de 14 de setembro de 2016, a força-tarefa
da Operação Lava Jato denunciou o ex-presidente pelos crimes de corrupção
passiva e lavagem de dinheiro. Segundo os procuradores federais de Curitiba,
Lula foi o “comandante máximo” do maior assalto ao erário da história
republicana. Mais: consolidou uma “propinocracia” como método de governança. No
Brasil, nenhum outro governante estabeleceu tantos recordes de aprovação.
Apesar da queda de Dilma Rousseff, todas as
pesquisas recentes ainda o apontam como um candidato à Presidência bastante
competitivo. Desde 2002, poucos o derrotaram em embates políticos. Agora,
contudo, o adversário é outro: a Justiça. Caso o juiz Sérgio Moro — com
quem Lula tem há meses seus piores pesadelos e a quem conclama seus discípulos
a atacar – aceite a denúncia, o ex-presidente se tornará um dos réus da Lava
Jato. O homem que nunca escondeu o desejo de terminar a vida como o maior
presidente da história brasileira poderá encerrar seus dias atrás das grades.
É provável que o PT e seus satélites tentem blindar
a biografia do seu messias. É possível que surjam camisetas e bandeiras em
passeatas – numerosas ou não – ligando a figura de Lula à ladainha do golpe das
elites. Ninguém se espantará caso também essa banda saia às ruas quando Lula já
tiver cruzado a fronteira rumo à Venezuela, a Cuba ou algum país africano onde
tenha atuado como lobista das empreiteiras do petrolão.
Eis uma sugestão: o procurador Deltan Dellagnol
resumiu numa imagem a teia de dinheiro sujo, má fé e desrespeito à ética “no
trato da coisa pública” ─ reproduzo palavras do próprio ex-presidente. No
centro do diagrama aparece o nome daquele que se proclama a alma mais honesta
deste país. Aos fiéis mais teimosos, basta uma resposta: quer que eu desenhe?
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