Casal é acusado de pedir e
receber R$ 1 milhão desviado da Petrobras. Defesa nega repasse e aponta
divergências entre delações premiadas
Por Reinaldo
Azevedo, 27/09/2016,
www.veja.com.br
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF)
aceitou por unanimidade nesta terça-feira (27) denúncia apresentada pela
Procuradoria Geral da República (PGR) contra a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR)
e o marido dela, o ex-ministro Paulo Bernardo, na Operação Lava Jato. Com isso,
os dois passam a ser réus no processo.
O STF também aceitou a denúncia contra o empresário
Ernesto Krugler Rodrigues, ligado ao casal. Segundo a acusação, os três,
“agindo de modo livre, consciente e voluntário”, pediram e receberam R$ 1
milhão desviados do esquema de corrupção na Petrobras.
O relator da Lava Jato no STF, ministro Teori
Zavascki, foi o primeiro a votar pelo recebimento da denúncia. Ele foi
acompanhado pelos ministros Dias Toffoli, Celso de Mello, Ricardo Lewandowski e
Gilmar Mendes.
O G1 entrou em contato com a assessoria da senadora
e aguardava posicionamento até a última atualização desta reportagem.
A reportagem ainda não havia conseguido contato com
as defesas de Paulo Bernardo e Ernesto Krugler.
O dinheiro teria sido direcionado para a campanha
eleitoral de Gleisi em quatro parcelas de R$ 250 mil. O repasse teria sido
realizado, segundo a PGR, através de empresas de fachada do doleiro Alberto
Youssef contratadas pela Petrobras a firmas de Rodrigues.
Ainda segundo a PGR, os recursos foram liberados
pelo ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, cujo objetivo seria obter
apoio político de Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo para se manter no cargo.
Na sessão, o advogado de Gleisi, Rodrigo
Mudrovitch, negou os crimes e apontou supostas divergências entre as
declarações de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef nas delações premiadas,
especialmente em relação ao modo como o dinheiro teria sido repassado.
“O colaborador premiado não só fala algo
discrepante do que outro colaborador diz, mas também se dá ao luxo de mudar de
ideia. E pode mudar de ideia novamente ao longo do processo”, disse o advogado.
Defensora de Paulo Bernardo, Verônica Sterman
também rebateu a acusação, alegando que não teria sido provada interferência de
Paulo Bernardo para manter Paulo Roberto no cargo de diretor na Petrobras.
“Os dois colaboradores negam terem recebido
qualquer solicitação. Se Paulo Bernardo não falou nem com um nem com outro,
como pode a PGR tê-lo denunciado por corrupção?”, disse a advogada na tribuna.
Em nome de Rodrigues, o advogado José Carlos Garcia
negou participação do empresário nos crimes. “Não há descrição de participação
do fato do autor. Não traz uma linha no sentido de dizer que interferiu no
recebimento de propinas na Petrobras”, afirmou.
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