O que há por trás do 'Fora
Temer'? O que querem os 'esquerdas' é mais uma pedalada na Constituição,
forçando novas eleições
Por Augusto
Nunes, 10/09/2016,
www.veja.com.br
Texto de Vlady Oliver
Demos sorte, até aqui. Impressionante. É óbvio que
há grandes chances de o governo Temer se perder pelo caminho. Grandes chances
de desagradar a todos, tentando conciliar o inconciliável. Grandes chances de,
como todos os outros, se acomodarem diante da necessidade cada dia mais
premente de reformas inadiáveis na estrutura do elefante governamental. Tudo
isso eu sei. Leitores bem intencionados me alertam: é preciso lembrar quem é e
de onde surgiu o presidente. Também sei disso. Talvez o único motivo dessa sensação
de esperança no ar seja o fato deste governo desagradar tanto as “esquerdas da
forma geral”. Este é o ponto, meus caros.
O que há por trás do “Fora Temer”? É evidente que,
até o momento, o presidente não fez nada que justificasse tal movimento. O que
querem os “esquerdas” é mais uma pedalada na Constituição, forçando novas
eleições que colocariam Lula, Marina, Aécio e todo tipo de socialista em botão
na parada de novo. Sabem os distintos que, se esse governo fizer tão somente o
que lhe é solicitado, os “conservadores” serão aclamados por terem salvo o país
desse bando de imbecis com ideologia na crina. Este é o ponto, senhores.
Quem sabe fazer conta de somar sabe também que foi
a “odiosa classe média” a perseguida todo esse tempo, achacada para pagar a
conta da vigarice. Arrombados os cofres públicos, será ela de novo chamada para
por o elefante em pé outra vez. Não é um mimo? Por esse prisma, creio que o
governo só se dará bem se conseguir aliviar o peso do Estado e sua reiterada
incompetência supra-ideológica na parada, dando ao cidadão comum a impressão de
que caminhamos para a frente, sabe-se lá o que essa frente venha a significar.
No caso de Itamar Franco, outro governo tampão que
assumiu em meio a uma crise escabrosa, a construção toda desembocou no governo
obamista de FHC. Muitos aqui louvam até hoje o Plano Real, parido no governo
Itamar e quase abortado; justamente por questões ideológicas envolvendo essa
esquerda tão propositiva. Lembro-me muito bem da postura dos nobres penachos
tucanos diante do tamanho da encrenca que estavam contratando. O resto é pura
empulhação. Se FHC cimentou o começo da ladeira onde capotamos fragorosamente,
ou se foi ele o nosso herói, que nos defendeu o quanto pôde da sanha vigarista
do partido da estrelinha na cueca, o relativismo se incumbe de sacramentar as
duas possibilidades, não é mesmo?
Ou alguém aqui ainda não entendeu que Donald Trump
é o resultado direto de Hillary Clinton? O fato é que temos Temer na rampa, e
não Trump. Menos mal. E temos a esquerda apavorada com a perda das boquinhas
tão saborosamente conquistadas, ao longo desses vinte anos em que faliram o
país. Só isso já me faz um eleitor bissexto do cara, torcendo para que ele,
daqui pra frente, distribua vassouras para varrer todas as repartições públicas.
Quem quiser voar com elas, que voe. Simples assim.
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