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Acabou. Depois de meses de embates, o impeachment
de Dilma Rousseff foi aprovado. Analisando, no calor da hora, as forças
políticas participantes desse processo, o resultado pode ser considerado
surpreendente. O projeto criminoso de poder, sob a liderança inconteste do PT,
aparentava uma solidez invejável. Por outro lado, no Congresso, as forças
oposicionistas eram frágeis, desorganizadas e pouco combativas. Não acreditavam
na possibilidade de enfrentar e vencer o governo. A propaganda apresentava um
País que estava destinado ao eterno controle petista. Como se não houvesse mais
história. E condenado à alternância entre dirigentes escolhidos a dedo por Luis
Inácio Lula da Silva. Ele, então, era considerado o supra-sumo do saber
político.
As sucessivas vitórias nas eleições presidenciais
reforçavam o mito de que o PT e Lula eram imbatíveis. Que as alianças formadas
ao longo dos anos eram de tal forma sólida que a ação oposicionista estava
fadada, inevitavelmente, ao fracasso. Mais ainda, que o não reconhecimento dos
supostos êxitos petistas era uma manifestação de esquizofrenia política. Nunca
na história do Brasil um partido tinha estruturado uma forma de domínio tão
ampla da estrutura governamental. Como se a sociedade civil estivesse asfixiada
pelo Estado. Era um 1984 petista. Lula era o Grande Irmão – e com policiais da
verdade espalhados por todos os cantos.
“Nunca a contradição do velho com o
novo ficou tão evidente.
O que parecia impossível – a derrota do PT – foi possível”
O que parecia impossível – a derrota do PT – foi possível”
O PT tinha vencido a crise do mensalão. Não se
abalou com a condenação de seus líderes históricos na Ação Penal 470. Parecia
imunizado às crises e rachas, isso desde a Reforma da Previdência, ainda na
primeira presidência Lula. Contudo, tudo ruiu rapidamente. É inegável a
importância da operação Lava Jato que desvelou o maior esquema de corrupção da
história. É inquestionável que a crise econômica aprofundou a debacle do
projeto criminoso. Porém, o elemento determinante foi à participação da
sociedade civil, de forma autônoma, no processo político.
Nunca a contradição do velho com o novo ficou tão
evidente. A estrutura carcomida da República foi abalada pela auto-organização
que criou novas formas de discussão e participação nos negócios públicos. Foi
eficaz no enfrentamento e derrota do projeto criminoso. O que parecia
impossível – a derrota do PT – foi possível. E agora, o que fazer?
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